Portugal tem a maior almofada financeira da União Europeia. Mas a dívida continua a ser das mais altas
Portugal terminou o primeiro trimestre do ano com a terceira maior dívida da União Europeia, mas uma parte diz respeito a depósitos e outros ativos que compõem a maior almofada financeira da região.
Março de 2018 terminou com o país a registar uma almofada financeira no valor de 13% do PIB, segundo as estatísticas divulgadas esta sexta-feira pelo Eurostat. Portugal surge destacado neste indicador. Itália aparece a seguir com um valor de ativos de moeda e depósitos de 10,5%, sendo que a média comunitária é de apenas 3,3%.
Como Cristina Casalinho, presidente do IGCP, explicou no ano passado, Portugal ter uma almofada financeira reforçada funciona como uma espécie de apólice de seguro para o financiamento do Estado contra eventuais riscos no mercado de financiamento. Isto depois da experiência recente em que o país só obteve financiamento por via de empréstimos oficiais da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
“É uma proteção eficaz em momentos de crise. Preferimos não ter o contrafactual. Sou uma pessoa tradicionalmente conservadora”, sublinhou uma vez a responsável pela gestão da dívida pública portuguesa.
Almofada portuguesa destaca-se na Europa
Fonte: Eurostat
Portugal tem uma das maiores dívidas da Zona Euro, o que torna o país mais suscetível a eventuais choques no mercado. Segundo o Eurostat, tem mesmo a terceira maior dívida pública na região: 126,4% do Produto Interno Bruto (PIB), correspondentes a um valor bruto de 245,8 mil milhões de euros. Só os gregos e os italianos superam Portugal neste campeonato, tendo terminado o primeiro trimestre do ano com um rácio da dívida de 180,4% e 133,4%, respetivamente.
Dos 126,4% de dívida pública, 13% referem-se à almofada de liquidez, 75,4% é dívida representada por obrigações e 38% são empréstimos oficiais contraídos no âmbito do programa de assistência financeira.
Os 124,6% de dívida portuguesa comparam negativamente com a média da Zona Euro, que foi de 86,8%. O endividamento público dos Estados membros situava-se 9,7 biliões de euros no final de março.
Ainda de acordo com os dados do Eurostat, Portugal terminou o primeiro trimestre do ano com as contas públicas nacionais a apurarem um défice de 0,5% do PIB, o terceiro menor défice orçamental entre os parceiros da moeda única que tiveram as finanças no vermelho no final daquele mês — foram seis os países que registaram défice no final do primeiro trimestre.
No agregado da Zona Euro, o défice orçamental foi de -0,1%, traduzindo uma melhoria de 0,5 pontos percentuais face ao saldo orçamental negativo apurado no mesmo período do ano passado (-0,6%).
(Notícia atualizada às 11h20)
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