Chefe da delegação do SEF em Albufeira é detido. Facilitava vistos de residência em troca de subornos
Joaquim Patrício, chefe da delegação do SEF de Albufeira, chegava a receber, em alguns casos, cerca de 500 euros. Fechava os olhos à falta de documentos e acelerava o processo de título de residência.
Joaquim Patrício, chefe da delegação do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) de Albufeira, foi detido na passada quinta-feira pela Diretoria do Sul da Polícia Judiciária. É suspeito de ter recebido subornos para acelerar a emissão de títulos de autorização de residência de paquistaneses, indianos, russos e brasileiros. Segundo avança esta manhã o Correio da Manhã (acesso pago), o chefe do SEF chegou mesmo a receber, em certos casos, cerca de 500 euros para que a falta de documentos dos estrangeiros não fosse um obstáculo ao visto de residência.
Emitidos pela 2.ª secção de Faro do Departamento de Investigação de Ação Penal do Ministério Público, a Polícia Judiciária (PJ) levou, também, dois mandados de busca. Um deles à casa de Joaquim Patrício e outro ao seu local de trabalho, a delegação regional do SEF em Albufeira. As autoridades suspeitam, ainda, que o chefe da delegação de Albufeira já tivesse, noutras zonas do país, cidadãos estrangeiros a trabalhar para ele, que lhe faziam chegar mais “clientes”. Em causa estão cerca de 20 processos, nos quais o suspeito teve intervenção direta.
A investigação foi aberta pela Polícia Judiciária em meados de 2017, após o próprio SEF ter mostrado algumas desconfianças relativamente ao inspetor-chefe, motivadas por uma denúncia anónima. Com discrição, para não levantar suspeitas internas, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras avançou para uma inspeção à delegação de Albufeira e acabou por verificar que havia falta de documentos, que são obrigatórios nos processos de autorização de residência. A partir daí, os indícios de corrupção foram comunicados ao Ministério Público, que, por sua vez, entregou o caso à PJ.
O historial do SEF em detenções
Ainda no passado mês de maio, uma outra inspetora do SEF, que chefiava o posto de Alverca, foi detida e constituída arguida por corrupção. Depois de um processo disciplinar arquivado, a inspetora foi apanhada em flagrante a receber dinheiro de um advogado, que também foi detido.
Acácio Pereira, Presidente do Sindicato de Inspetores do SEF, admite que os casos de corrupção afetam a imagem do organismo mas, diz também, que as instituições “são mais do que um ou outro profissional”. “A maioria do pessoal do SEF é gente muito cumpridora, esforçada, dedicada, que não pactua com este tipo de comportamentos”, afirmou ao Correio da Manhã.
Sobre ter sido o próprio SEF a alertar a PJ para a situação, Acácio Pereira considera que foi um fator que contribuiu para a estabilidade da instituição. “As instituições devem atuar sempre que haja ilícitos. E há ilícitos sempre que há pessoas”.
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