Governo negoceia Web Summit em Lisboa por mais dez anos

Negociação com Governo e câmara de Lisboa continua. Em cima da mesa, acordo de 5 mais 5 anos, o que faria a maior conferência de tecnologia e empreendedorismo do mundo ficar por Lisboa até 2028.

Paddy Cosgrave e António Costa, entre Manuel Caldeira Cabral e Fernando Medina.JOSÉ SENA GOULÃO / EPA

O Governo está a negociar a continuidade do Web Summit em Lisboa por um período de cinco mais cinco anos, apurou o ECO junto de fontes que acompanham este processo. O Ministério de Caldeira Cabral estará na liderança das negociações, acompanhado do ministro Pedro Siza Vieira, ministro-adjunto, e de Fernando Medina, em representação da câmara Municipal de Lisboa, além do envolvimento direto do primeiro-ministro, António Costa. Esta negociação estará já na fase final de discussão jurídica mas, como avançava outra fonte ao ECO, só estará fechada quando for assinada: “Em qualquer momento, poderá haver um ‘deal break’ neste processo, até porque o líder do Web Summit, Paddy Cosgrave, tem outras ofertas a correr em paralelo, designadamente de Espanha”, afirma.

A ideia de manter o maior evento de tecnologia e empreendedorismo do mundo em Lisboa por, pelo menos, mais cinco anos (com opção de outros cinco, o que deixaria o evento em Portugal até 2028), está alinhada com os planos do Governo de continuar a apostar na dinamização e apoio ao ecossistema empreendedor, materializado recentemente, por exemplo, pelo anunciado Startup Portugal +, um reforço à estratégia nacional para o empreendedorismo lançada há dois anos. E estará relacionada também com outras propostas igualmente ambiciosas a ser apresentadas. Costa quer colar a imagem do país ao Web Summit e, para isso, além de um contrato de longo prazo, quer também realizar eventos internacionais com a marca da conferência e com a marca Portugal.  Mas, para conseguir fechar este dossiê, vai ter de pagar mais do que os 1,3 milhões de euros por ano que são atribuídos hoje, entre as verbas do Turismo de Portugal e da Câmara de Lisboa.

As negociações para a localização do Web Summit, já a partir de 2019, continuam a decorrer. E Portugal, garantia o ministro da Economia a 9 de julho, tem uma “oferta competitiva” em cima da mesa para o evento que, em 2017, gerou um impacto de mais de 300 milhões de euros para a economia portuguesa em áreas como a hotelaria e os transportes.

“Penso que os responsáveis pelo Web Summit, que mudaram para Portugal a sede da organização, querem cá continuar. E penso que vamos conseguir um bom resultado”, dizia na altura Manuel Caldeira Cabral. Uma das questões em cima da mesa é a existência de espaço físico para a conferência continuar a crescer.

“Há negociações sobre onde vamos estar no próximo ano e o que eu posso dizer é que essas negociações estão a decorrer. Estamos em negociações com muitas cidades”, dizia Mike Harvey, diretor de comunicação e estratégia do Web Summit à Lusa, acrescentando que a organização conseguia ainda, na edição de 2018, acrescentar assistentes ao número do ano passado. “Sim, conseguimos trabalhar com o espaço que temos: a Altice Arena, a FIL, que são ambos locais fantásticos. Podemos trabalhar, de forma criativa, para garantir que todos cabem e que todos têm uma experiência ótima“.

Em 2017, a conferência recebeu mais de 59 mil pessoas de 170 países mas a organização, aquando do anúncio de que o evento viria para Portugal, antecipava a possibilidade de o Web Summit crescer até aos 80 mil assistentes nos três anos contratualizados.

Podemos trabalhar, de forma criativa, para garantir que todos cabem e que todos têm uma experiência ótima.

Mike Harvey

Diretor de comunicação e estratégia do Web Summit a 15 de maio

Este ano, de acordo com a organização, o número de participantes deverá chegar às 70 mil pessoas mas a estratégia da empresa irlandesa passa por continuar a crescer.

Foi a antecipação desse crescimento, de resto, uma das razões que levou a organização a deslocalizar a Collision, evento-irmão do Web Summit, de Nova Orleães para Toronto, no Canadá. E, também, com uma enorme projeção política: o anúncio foi feito pelo próprio primeiro-ministro canadiano, num vídeo veiculado nas redes sociais.

A conferência, o evento que mais tem crescido na América do norte atualmente, é, em dimensão, mais pequeno do que o Web Summit. Na quinta e última edição, este ano, a conferência passará dos iniciais 5.000 participantes para as 25.000 pessoas, de acordo com as previsões da organização. Segundo as estimativas do Web Summit, a conferência que agrega 12 palcos em simultâneo deverá atrair para Toronto, nos próximos três anos, mais de 90.000 participantes e ter um impacto económico de 147 milhões de dólares.

De acordo com Paddy Cosgrave, fundador da Web Summit, a mudança para a região de Toronto esteve relacionada com a “dimensão do setor de tecnologia e a diversidade e inclusão do Canadá”. A Collision 2019 vai realizar-se no Enercare Centre, em Toronto.

Quem quer ficar com o Web Summit?

A 5 de junho, Valência anunciou que estava também a negociar que o evento se mudasse para a região já na edição do próximo ano. À Lusa, o governo regional e a câmara municipal de Valência adiantavam a oferta em cima da mesa: cinco milhões de euros (2,5 milhões por entidade). O ECO sabe que, neste momento, a negociação com a empresa irlandesa já superou o governo regional e é, atualmente, o Governo espanhol que lidera as negociações para levar o evento para Valência ou para outra cidade espanhola. A estratégia seguida vai ao encontro da protagonizada por Portugal que, desde o primeiro momento, tem tido representantes do Governo nacional e da autarquia lisboeta a liderar o processo.

Esta quinta-feira, Espanha anunciava também que Bilbau, Madrid e Valência competem, em bloco, para ser sedes do Web Summit a partir do próximo ano, segundo comunicado de imprensa do Ministério da Indústria, Turismo e Comércio espanhol. De acordo com a Lusa, as cidades espanholas competem com Londres, Paris, Berlim, Dubai, Hamburgo e Munique, além de Lisboa.

Contactado pelo ECO, o Web Summit não quis comentar os termos do acordo, adiantando apenas que “as negociações continuam”. Contactado pelo ECO, o Ministério da Economia não respondeu às questões colocadas até à publicação desta notícia.

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