Decisão sobre a venda da Herdade da Comporta adiada para setembro
Os participantes do fundo que gere a propriedade escolheram adiar a decisão sobre a venda, concedendo aos interessados até 20 de setembro para apresentarem as suas propostas.
A corrida aos 1.300 dos 12.500 hectares da Herdade da Comporta ainda está longe de terminar. Segundo apurou o ECO, os participantes do fundo que gere a propriedade, reunidos esta sexta-feira em assembleia-geral, escolheram adiar a decisão sobre a venda, o que confirma a notícia do ECO, antecipada esta quinta-feira em primeira-mão.
Os interessados têm agora até dia 20 de setembro para apresentar a suas propostas que, desta vez, deverão ser obrigatoriamente vinculativas e acompanhadas de comprovativos de capacidade financeira. Os acionistas do fundo voltarão a reunir a 28 de setembro em nova assembleia-geral para, por fim, decidir quem fica com os dois ativos imobiliários que estão à venda.
De acordo com a proposta apresentada pelo Novo Banco e pela Rioforte à assembleia de acionistas, esta sexta-feira, a que o ECO teve acesso, o adiamento em causa resulta da falta de “elementos de informação inequívocos para valorar e hierarquizar as propostas recebidas” e do facto de nenhuma das ofertas contemplar “a globalidade dos ativos” à venda nem atingir os valores apontados pelos avaliadores independentes.
Mais, os participantes consideram que “só com a imposição de regras claras, transparentes e profissionais se poderá concluir com sucesso este processo”. Por isso mesmo, entre 20 e 28 de setembro, as propostas apresentadas serão submetidas a uma auditoria externa, apurou o ECO.
Menos um na corrida?
No âmbito desta operação, três propostas foram apresentadas: a do consórcio entre o milionário francês Claude Berda, da Vanguard Properties, e da empresária Paula Amorim (que oferece 28 milhões de euros em dinheiro pela compra do fundo, somados à assunção da dívida à CGD e aos créditos na DCR&HDC e aos Lotes das Casas da Encosta — totalizando 156,4 milhões de euros); a da holding Oakvest, controlada pelo empresário inglês Mark Holyoake, associada à família Carvalho Martins, dona da cadeia de restaurantes Portugália, e à Sabina Estates (que oferece 36,5 milhões de euros pelo fundo, somados à assunção da dívida à CGD e aos restantes créditos mencionados — 155,9 milhões de euros); e a do aristocrata francês Louis-Albert de Broglie (que oferece 159 milhões de euros).
A proposta do consórcio Oakvest/ Portugália/ Sabina Estates foi escolhida pela Gesfimo — fundo que gere a Herdade da Comporta — para ser levada, esta sexta-feira, à assembleia-geral. A oferta acabou, contudo, por não passar, tendo recebido mais de 80% de votos contra.
“Nada foi apontado à proposta. O que aconteceu foi que o Novo Banco e a Rioforte decidiram fazer uma proposta de uma nova metodologia de abordagem, destruindo o processo, dizendo que é necessário fazer um outro processo para fazer uma nova escolha”, sublinhou, à saída da reunião, o representante legal da Oakvest, Rogério Alves.
De acordo com o jurista, os responsáveis da holding em causa estão “frustrados” com este resultado e provavelmente sairão da corrida. “Duvido muito que o cliente continue na corrida. Fomos corridos da corrida”, disse.
O advogado realçou ainda que não encontra “fundamento para que a melhor proposta seja assim rejeitada”, até porque “a Gesfimo teve um procedimento sério, correto e completo. Manteve ao corrente os titulares das unidades de participação”.
“Estamos para ganhar”
Os representantes do consórcio Paula Amorim /Claude Berda mostraram-se, por outro lado, “muito contentes” com as novas condições apresentadas esta sexta-feira. “[O resultado da assembleia-geral] satisfaz bastante porque a nossa preocupação foi sempre que este fosse um processo transparente”, avançou o diretor geral da Vanguard Proprerties, em declarações aos jornalistas, no final da reunião.
José Botelho defendeu que a “única proposta firme” foi a apresentada pelo consórcio Paula Amorim/Claude Berda e sublinhou: “estamos para ganhar”. O responsável admitiu ainda rever a proposta, face aos documentos que irão ser agora distribuídos.
De acordo com Botelho, o projeto que será desenvolvido, caso o consórcio que representa ganhe a corrida, será de “excelente qualidade”. “É um projeto sustentável e que cria emprego permanente na zona”, nota o representante.
Finalmente, uma “competição transparente”
O aristocrata francês conhecido como príncipe jardineiro também se mostrou feliz com as alterações anunciadas esta tarde, sublinhando que agora sim está em curso um processo “transparente em termos de competição e de acesso aos documentos”.
Ainda assim, Louis-Albert de Broglie teme que a especulação que se gerará em torno desta operação acabará por prejudicar a biodiversidade da propriedade. “Quanto maior a subida dos preços, mais construção haverá na herdade e será prejudicial para o território e para as pessoas. Temos de ter um projeto que beneficiará o território, o ecossistema e a economia portuguesa”, reforçou.
Questionado sobre se está disponível para engordar a sua proposta, o aristocrata notou que terá de estudar essa possibilidade e acrescentou: “Se subirmos muito, tudo colapsa. Temos de ter cuidado”.
(Notícia atualizada às 18h12 com mais informação).
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