AIE: Acalmia no mercado de petróleo pode estar perto do fim
A agência diz que as sanções dos EUA ao Irão, e eventuais problemas de produção noutros mercados produtores, constitui um desafio à manutenção da oferta de petróleo. Antecipa possível subida do preço.
A relativa estabilidade do preço do petróleo pode estar perto do fim. Esta é a convicção da Agência Internacional de Energia (AIE) que, nesta sexta-feira, veio avisar que as sanções dos EUA ao Irão, bem como possíveis problemas de produção noutros mercados, poderão provocar constrangimentos na oferta de petróleo no final do ano.
“A recente acalmia do mercado, com o alívio no curto prazo das tensões no lado da oferta, preços mais baixos, e menor crescimento da procura pode não durar”, diz a AIE no relatório mensal hoje divulgado.
As cotações do “ouro negro” já negociaram este ano próximas dos 80 dólares por barril — a fasquia mais elevada desde 2014 — devido a preocupações relacionadas com falhas de oferta. Mas entretanto a pressão no mercado aliviou, com os preços do petróleo a arrefecerem nas últimas semanas perante a recuperação de parte da produção da Líbia e os sinais por parte de Washington de que poderia isentar no próximo ano as sanções a países asiáticos de petróleo iraniano.
Contudo, os EUA afirmaram que ainda estavam em busca de um acordo no sentido de forçar os países compradores do Irão a pararem completamente as compras no longo prazo.
“Assim que as sanções contra o Irão tomem efeito, provavelmente em combinação com problemas de abastecimento noutros locais, manter a oferta global pode tornar-se muito desafiante e tal aconteceria às expensas da manutenção de uma almofada adequada de reposição da capacidade“, afirma a AIE.
“Assim o outlook para o mercado pode ser bem menos calmo do que o atual“, acrescentou a agência sedeada em Viena.
Apesar das ameaças do lado da oferta, os preços do petróleo têm estado suportados pelo crescimento sustentado da procura. Para este ano, a AIE mantém inalteradas as estimativas der crescimento da procura nos 1,4 milhões de barris diários, mas elevou as suas previsões para o próximo ano. Vê a procura a aumentar em cerca de 110 mil barris diários, para 1,49 milhões, em 2019.
A agência não ignorou também outro fator que poderá afetar o mercado petrolífero. Concretamente a tensão geopolítica que coloca frente a frente os EUA e a China. “A tensão comercial pode escalar e conduzir a um crescimento económico mais lento, e em compensação baixar a procura de petróleo”, salientou.
As cotações do petróleo seguem em queda ligeira nos dois lados do Atlântico. Enquanto o barril do brent transacionado em Londres recua 0,15%, para os 71,96 dólares, o crude negociado em Nova Iorque cai 0,12%, para os 66,73 dólares.
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