Marcelo sobre incêndio de Monchique: “Aprendeu-se com o ano passado”
O Presidente da República alerta que a época de verão e o risco de incêndios está longe de ter terminado. Marcelo quer uma comissão permanente independente de acompanhamento dos fogos.
O Presidente da República, de visita a Monchique, na sequência do incêndio que começou a lavrar na sexta-feira da semana passada e que só ontem foi dado como dominado, considera que se “aprendeu” com a situação que o país viveu, em 2017, no centro e norte do país, que queimaram mais de 530 mil hectares e fizeram 114 mortos. Marcelo Rebelo de Sousa frisou o facto de, no Algarve, os fogos não terem feito vítimas mortais, mas alerta que a época de verão e o risco de incêndios está longe de ter terminado.
“Aprendeu-se com a lição do ano passado e até com os contributos da Comissão independente e com as reflexões que foram feitas”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, numa longa conversa que teve com a população de Monchique transmitida em direto pela TVI24 e pela CMTV. Os papéis pareciam invertidos, com o Presidente da República a colocar questões aos populares, nomeadamente sobre a composição da floresta e a avaliação da atuação das autoridades.
Aprendeu-se com a lição do ano passado e até com os contributos da Comissão independente e com as reflexões que foram feitas.
O Chefe de Estado fez um paralelismo com Pedrógão, lembrando que “o ano passou houve muitas vítimas mortais e feridos graves, alguns ainda hoje com uma gravidade apreciável”. Foi graças à atuação dos operacionais no terreno e às populações que o cenário não se repetiu, garantiu Marcelo, agradecendo e elogiando os esforços de todos.
O Chefe de Estado está este sábado em Monchique “para ouvir os responsáveis” e contactar com as populações, naquele que foi uma deslocação coordenada com o Executivo. Na sexta-feira foi a vez de António Costa se deslocar ao teatro das operações acompanhado de dois ministros e vários secretários de Estado para estudar as primeiras medidas a aplicar no terreno. “Estive a ouvir os responsáveis, agora estou a ouvir-vos a vós e vou ver a realidade“, disse Marcelo Rebelo de Sousa.
“Estou a registar tudo isso. É importante que com esta proximidade possam desabafar, mas há que admitir, com humildade, que este período que estamos a viver ainda não terminou“, lembrou o Chefe de Estado. “Estamos longe ainda do seu tempo”, acrescentou, justificando assim a recusa de fazer um balanço neste momento. “Não quero fazer um balanço porque ainda não terminou a guerra”, sublinhou.
Não quero fazer um balanço porque ainda não terminou a guerra.
Marcelo reconheceu ainda a “preocupação legítima” das pessoas relativamente aos “danos materiais” e frisou que para quem perdeu tudo, não vale a pena fazer comparações com outros fogos. O Chefe de Estado sublinhou que agora “há uma reconstrução e reordenamento a fazer no futuro” e que “uma das perdas fundamentais é da própria floresta, um bem em si mesmo”. “Este esforço de reconstrução é mais difícil e longo e de menor compreensão do que o combate imediato do fogo”, concluiu.
Um par de horas mais tarde, já em Silves, Marcelo Rebelo de Sousa reiterou a ideia de criar uma comissão permanente independente de acompanhamento dos fogos a funcionar junto da Assembleia da República. “A minha sugestão é mais serena e talvez a melhor já que a experiência da comissão independente deu resultado por duas vezes relativamente às duas tragédias do ano passado”, disse o Presidente da República em declarações transmitidas pela Sic Notícias. Uma comissão com estas características poderia “no final da época dos fogos fazer um balanço, dando mais peso a incêndios como este, com as lições a retirar para o ano seguinte”.
O Chefe de Estado garante que a comissão não leva muito tempo a pronunciar-se: em Pedrógão o relatório estava pronto em outubro, em véspera da tragédia dos fogos desse mês. “Depois demorou mais”, reconheceu Marcelo, “porque demorou muito a que alguém pedisse que fizesse um relatório”.
(Notícia atualizada às 16:02 com novas declarações de Marcelo em Silves)
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