PCP culpa UE, atual e anteriores governos pela “iminente rutura” da ferrovia

  • Lusa
  • 13 Agosto 2018

João Ferreira considera que a "iminente rutura" do setor ferroviária é culpa das regras de Bruxelas, seguidas pelos anteriores Executivas e pelo atual Governo.

O dirigente comunista João Ferreira atribuiu, esta segunda-feira, a responsabilidade de “iminente rutura” do setor ferroviário às regras impostas por Bruxelas, seguidas pelo atual e anteriores governos portugueses, em benefício do “grande capital e grupos monopolistas”, designadamente da Alemanha.

Em conferência de imprensa na sede do partido, em Lisboa, o deputado ao Parlamento Europeu ironizou com o “sucesso” dos “pacotes legislativos” comunitários para, por exemplo, “a Siemens alemã, a grande multinacional que se consolidou no processo, que eliminou e comprou o essencial das empresas fabricantes, a ponto de já ter comprado a própria multinacional francesa Alstom, que hoje domina o mercado europeu”.

“Importa recordar a destruição do aparelho produtivo nacional de material circulante, completado em 2003/05, com o encerramento da Sorefame e cumplicidade ativa dos governos de Durão Barroso (PSD/CDS-PP) e José Sócrates (PS), que não pode ser desligado do facto de os últimos comboios adquiridos para a ferrovia nacional terem-no sido em 2002, à Sorefame”, disse.

João Ferreira denunciou ainda aquilo que considerou serem “manobras do CDS”, partido “profundamente comprometido com as opções tomadas”, numa atitude de “manipulação oportunista” e de “ocultação das responsabilidades pela atual situação”, em virtude de recentes declarações da presidente e outros dirigentes centristas sobre o assunto.

“Há largos anos que o essencial das políticas para o setor ferroviário nacional é guiado e articulado com um conjunto de políticas da União Europeia (UE), agrupadas em grandes ‘pacotes legislativos’… Este facto não iliba, antes pelo contrário, os partidos – PS, PSD e CDS – que na UE defenderam e aprovaram essas políticas e as concretizaram em Portugal”, afirmou.

O também vereador da Câmara Municipal de Lisboa citou ainda o caso da empresa germânica DB, “que se transformou num dos maiores operadores ferroviários do mundo, dominando o transporte ferroviário de mercadorias na Europa” e, “em Portugal, detém a 100% a Arriva e a 30% a Barraqueiro”.

“O sucesso destes ‘pacotes legislativos’ é o desastre em que se encontra mergulhada a ferrovia nacional”, insistiu, acrescentando que, desde 1998, “enquanto Portugal perdeu 43% dos seus passageiros por quilómetro, a Alemanha ganhou 24% e a França 35%” e “as empresas portuguesas fecharam ou estão em dificuldades” e “as alemãs, mesmo as públicas, expandiram-se”.

“Também o atual Governo, apesar de sucessivas promessas de novas contratações, tem prosseguido este caminho de redução de trabalhadores da EMEF (Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário). Em nome do défice estrutural, destrói-se a capacidade de resposta das empresas públicas e substitui-se a contratação de trabalhadores pela aquisição de serviços externos”, condenou.

Segundo João Ferreira, “a situação da EMEF ultrapassa as barreiras das diretivas europeias” e “resulta de opções que PS, PSD e CDS adotaram”, inclusive, acusou, “o atual Governo está a tentar aproveitar para desmembrar” a referida empresa “em três pedaços, entregando imediatamente dois deles à exploração capitalista através de dois acordos complementares de empresa”.

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