Queda da ponte de Génova faz 38 mortes. Primeiro-ministro declara estado de emergência

  • ECO e Lusa
  • 16 Agosto 2018

Governo italiano pede a demissão dos diretores da concessionária da autoestrada A10 e vai desenvolver "um verdadeiro plano Marshall" para garantir o bom estado das infraestruturas do país.

A polícia italiana reviu o número de vítimas mortais na sequência da queda da ponte em Génova. De acordo com as autoridades morreram 38 pessoas e não 39, como inicialmente avançado.

As equipas de resgate continuam a trabalhar ininterruptamente, desde terça-feira, para tentar encontrar sobreviventes nos escombros do viaduto que desabou na terça-feira em Génova, na Itália, com um balanço provisório de 38 mortes. O primeiro-ministro italiano declarou na quarta-feira 12 meses de estado de emergência, segundo a agência de notícias italiana Adnkronos (conteúdo em italiano).

Entre as vítimas mortais estão três crianças de 8 a 12 anos. Os socorristas também retiraram dos escombros 16 feridos, nove dos quais em estado crítico, e resgataram quatro pessoas com vida. Ainda há dez pessoas dadas como desaparecidas. Por outro lado, as autoridades mandaram evacuar os 11 prédios por baixo da ponte, porque há o risco de colapso do resto do tabuleiro. Foram 311 as famílias que tiveram de abandonar as suas casas.

O súbito desabamento da Ponte Morandi, que fica numa zona industrial de Génova, no norte da Itália, provocou a queda de cerca de 35 carros e alguns camiões de uma altura de 45 metros. A ponte, localizada na autoestrada 10 (A10), já era conhecida por apresentar problemas estruturais e os políticos italianos já pediram que os potenciais culpados sejam responsabilizados e punidos. O balanço de mortos é ainda incerto.

O ministro do Interior, Matteo Salvini, que deverá deslocar-se durante à tarde ao local do acidente em Génova, no final de terça-feira, prometeu que os responsáveis pelo acidente “pagariam, pagariam tudo e pagariam caro”.

O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte esteve no local do acidente na noite de terça-feira e, hoje, deverão visitar o local o vice-primeiro-ministro, Luigi di Maio. Matteo Salvini é esperado na tarde de hoje no local do acidente, o mais mortífero desde 2001. “É uma catástrofe que atingiu Génova e toda a Itália. Uma tragédia assustadora e absurda atingiu pessoas e famílias”, disse o Presidente italiano, Sergio Mattarella, num comunicado.

Ao anoitecer, centenas de equipas de resgate continuavam a procurar nos escombros do viaduto sobreviventes com a ajuda de cães.

Segundo a proteção civil italiana, contando com todo o pessoal envolvido (bombeiros, polícias, Cruz Vermelha), foram mobilizadas cerca de mil pessoas para os trabalhos de resgate. “A esperança nunca termina, já salvamos uma dúzia de pessoas sob os escombros, vamos trabalhar 24 horas por dia”, disse à agência de notícias AFP um dos responsáveis pelos bombeiros, Emanuele Gissi.

Governo quer demissões na concessionária que faz manutenção na ponte

O Governo italiano exigiu esta quarta-feira a demissão dos diretores da concessionária Autostrade per l’Italia, uma subsidiária da Atlantia, e responsável pela concessão e manutenção da ponte que desabou.

Já o ministro das Infraestruturas, Danilo Toninelli, disse numa mensagem na rede social Facebook que “os diretores da Autostrade per l’Italia devem demitir-se antes de tudo” e avançou que o Governo italiano “ativou todos os procedimentos para a possível revogação das concessões e a imposição de uma multa de até 150 milhões de euros”. “Se não são capazes de administrar as nossas autoestradas, o Estado o fará“, disse Toninelli.

O ministro das Infraestruturas disse “num país civilizado não se pode morrer por uma ponte que desaba” e reiterou que os culpados “desta tragédia injustificável devem ser punidos”.

As empresas que administram as nossas estradas embolsam as portagens mais caras da Europa, pagando concessões a preços vergonhosos. Recebem milhares de milhões, pagam uns poucos milhões de impostos e nem sequer realizam a manutenção necessária para as pontes e autoestradas de ponte e estradas”, explicou o responsável membro do Movimento 5Estrelas.

O ministro italiano disse que “o Fundo de Emergência da Proteção Civil será usado para restaurar o sistema ordinário da área afetada”. Para “a reconstrução da ponte Morandi” que “precisava de manutenção ao longo de décadas, serão utilizados recursos do Plano Económico e Financeiro das Autoestradas, que será discutido em setembro, e outros recursos de dois fundos dedicados a intervenções de infraestrutura será usada”.

Toninelli disse que o Governo vai desenvolver “um verdadeiro plano Marshall” para garantir o bom estado das infraestruturas do país e considerou o dever de o Estado “usar o dinheiro público para manter essas vias vitais do país, em vez de desperdiçá-lo em grandes obras inúteis”.

A notícia da queda da ponte fez com que a Atlantia afundasse na bolsa de valores de Milão na terça-feira, tendo caído mais de 10% e viu a sua cotação suspensa, ainda que tenha fechado com uma queda de 5,39%.

(Notícia atualizada às 09h09 de quinta-feira com mais informação)

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