Vanguard/Amorim voltam a entrar na corrida à Comporta
A venda da Herdade da Comporta está relançada, mas começa com um tropeção. Só um dos três consórcios apresentou declaração exigida, os outros dois pediram alargamento de prazo até dia 27.
O processo de venda do Fundo Imobiliário da Herdade da Comporta foi relançado e, para já, o consórcio Vanguard Properties, do francês Claude Berda, e Amorim Luxury, de Paula Amorim, já entregou à sociedade gestora Gesfimo uma declaração — denominada de “waiver” — a abdicar de possíveis contestações a factos ocorridos no processo de venda anterior e que acabou por falhar, condição essencial para vir a poder participar no novo concurso, apurou o ECO junto de fontes que conhecem o processo.
Oficialmente, ninguém faz comentários sobre esta informação, mas o ECO teve acesso a uma carta enviada pela Gesfimo aos três consórcios que participaram no anterior processo a indicar que estavam obrigados a remeter essa declaração até ao dia 22 de agosto. No entanto, apenas o consórcio referido cumpriu a data exigida. Os outros dois consórcios que receberam esta carta — a holding Oakvest, controlada pelo empresário inglês Mark Holyoake, associada à família Carvalho Martins, dona da cadeia de restaurantes Portugália, à Sabina Estates e a do aristocrata francês Louis-Albert de Broglie, — terão pedido um adiamento do prazo para 27 deste mês, o que terá sido aceite. A Gesfimo, contactada pelo ECO, escusou-se a fazer quaisquer comentários sobre o processo.
A exigência de uma declaração de escusa de contestação aos três candidatos não é pacífica. Foi um tema discutido na assembleia geral de 27 de julho que ditou o fim do processo anterior, por votação maioritária da Rioforte e Novo Banco, os principais acionistas/participantes do fundo. Mas tinha como pressuposto que o novo prazo de venda só seria aberto para os três candidatos, mas desta vez com um processo suportado numa Process Letter e com informação transparente e idêntica para todos. Só que a Gesfimo entendeu não dar seguimento a esta recomendação dos acionistas do Fundo e decidiu reabrir o processo, mas aberto a todos os que quisessem apresentar proposta. Para isso, aliás, contratou a Deloitte, que anda neste momento em ‘road-show’ a ‘vender’ o Fundo da Herdade da Comporta a novos interessados.
Na carta enviada pela Gesfimo aos acionistas (participantes) do Fundo, a sociedade gestora liderada por Pedro de Melo Breyner explicita aquela exigência: “Por razões de certeza e segurança jurídicas, e considerando neste particular a premência de um desfecho rápido e certo do processo [de venda], atenta nomeadamente a situação de falta de liquidez do Fundo [de investimento imobiliário] (…), a Sociedade Gestora só procederá à abertura do processo com a confirmação prévia de que os três consórcios que antes apresentaram propostas de compra dos ativos do Fundo renunciarão a qualquer contestação, reclamação ou impugnação do mesmo, seja a que título for, ainda que por factos ocorridos até ao presente”, pode ler-se na carta, datada de 1 de agosto, que foi enviada pela Gesfimo aos participantes do Herdade da Comporta — Fundo Especial de Investimento Imobiliário Fechado (FEIIF).
O consórcio Vanguard/Amorim questionou, desde logo, a exigência da entidade gestora, mas o ECO confirmou que acabou mesmo por entregar a devida declaração e foi, ironicamente, a única a fazê-lo.
Os calendários para a nova operação de venda da Comporta estão em cima da mesa, mas são, na verdade, indicativos. Os candidatos terão até ao dia 20 de setembro para apresentarem propostas de compra do Fundo da Comporta e, posteriormente à análise das propostas, da responsabilidade da Deloitte, será marcada uma assembleia geral para uma decisão.
Os projetos turísticos à venda estão avaliados em 200 milhões de euros. As duas propostas com os valores mais elevados, do consórcio Vanguard Properties/Amorim Luxury e do consórcio liderado pela Oakvest, ofereciam ambas em torno de 156 milhões de euros. Em ambos os casos, o montante oferecido é repartido entre um pagamento em dinheiro e a assunção da dívida de 119,4 milhões da Comporta à Caixa Geral de Depósitos (CGD).
Qual é o risco? A eventual falência do fundo da Herdade da Comporta e o crescimento acelerado da dívida à Caixa Geral de Depósitos, superior a 850 mil euros por mês.
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