Cristina Ferreira: “Tenho a certeza de que, aconteça o que acontecer, fui”
"Pior do que ir e ter que voltar é não ir e nunca saber onde se podia chegar", escreveu Cristina Ferreira. A frase faz parte do texto que acompanha uma fotografia publicada esta quinta-feira.
Um dia depois de se ter conhecido que Cristina Ferreira vai trocar a TVI, sua casa durante 16 anos, pela rival SIC, a apresentadora de televisão volta a publicar um post da rede social Instagram. A acompanhar uma fotografia a preto e branco, Cristina republica um excerto do seu livro “Sentir”, publicado em 2016, sobre escolhas.
“Todos nós fazemos escolhas diárias. Mas há umas tão importantes que sabemos que nos podem mudar a vida ou o seu rumo”, escreve a apresentadora, acrescentando: “Têm-me assaltado os medos de uma escolha difícil. E, ao mesmo tempo, tenho a certeza de que, aconteça o que acontecer, fui. Há dúvidas que me assombram. Mas estou certa de que não me perdoaria. Pior do que ir e ter que voltar é não ir e nunca saber onde se podia chegar.”
Leia o texto na íntegra:
“Não gosto de demorar muito tempo a tomar decisões. Deixo à sorte, muitas vezes, o papel de boa conselheira. «Quem muda, Deus ajuda.» O ditado é antigo e confio nessa sabedoria para fazer o meu caminho. Não costumo olhar para trás depois de decidir. E volto a uma frase do meu pai que me estruturou o pensamento: «A cama que fizeres, nela te deitarás.» Ainda que o destino possa ter alguns planos, somos nós que optamos. Há sempre uma esquerda e uma direita. E eu acredito que, mesmo escolhendo a direcção errada, há sempre maneira de chegar ao destino final. Costumo dizer que até os becos sem saída permitem uma alternativa: voltar atrás. Essa segurança, ou forma de ver as coisas, tem-me ajudado a serenar na hora de escolher. Talvez ainda não tenha passado por uma decisão realmente difícil. Ou, então, não lhe dei a devida importância. Talvez seja a idade a trazer esse peso – ou essa leveza. Há pouco tempo, um primo dizia-me que aos 40 não se muda. Que um emprego de 18 anos se mantém, mesmo que não nos dê felicidade. «Talvez até nem saiba fazer mais nada.» Este conformismo deixou-me a pensar. Sabemos nós desta vida que a outra ninguém ainda conseguiu provar. Porque nos habituamos a uma vida que não é a nossa quando podemos escrever a nossa própria história e emprestar-lhe vários capítulos? Talvez seja loucura o risco. Talvez os filhos nos acrescentem medo ao futuro. Mas é preciso ultrapassar esse medo. Talvez seja esta a mais dura batalha da vida. Nos últimos tempos tenho pensado muito nisso. Têm-me assaltado os medos de uma escolha difícil. E, ao mesmo tempo, tenho a certeza de que, aconteça o que acontecer, fui. Há dúvidas que me assombram. Mas estou certa de que não me perdoaria. Pior do que ir e ter que voltar é não ir e nunca saber onde se podia chegar.”
O ECO confirmou esta quarta-feira a notícia adiantada pelo Correio da Manhã, que dava conta de que a apresentadora de televisão da TVI estaria de saída da estação de Queluz de Baixo para integrar a equipa da SIC. A transferência da estrela da estação garantirá a Cristina um ordenado anual de cerca de um milhão de euros, três vezes mais do que o valor auferido pelo presidente do grupo Impresa, Francisco Pedro Balsemão, dono da SIC.
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