BCP vai ter “belíssimos lucros”. Há dividendos? “Estamos a fazer tudo para que seja possível”, diz Miguel Maya
O BCP teve resultados líquidos de 150 milhões no semestre. E vai encerrar o ano com "lucros belíssimos" que abrem a porta ao regresso aos dividendos, objetivo para o qual o banco está a "fazer tudo".
Miguel Maya está há muito tempo no BCP, mas só recentemente assumiu a gestão executiva do banco. Sucedeu a Nuno Amado, que passou a chairman, num processo de transição “preparado com tempo”. Os papéis mudaram, mas o “nível de exigência de parte a parte” continua o mesmo: elevado. “Estamos os dois empenhados em trabalhar para ter belíssimos lucros este ano”, diz, salientando que ambos estão a “fazer tudo” para voltar a pagar dividendos já em 2019.
“Trabalhei com Nuno Amado desde 2012. Preparámos a transição com tempo e com cuidado. Mesmo o plano que apresentei ao mercado é um plano de continuidade, obviamente com inovação e também com um traço pessoal meu. Mas é um plano de continuidade e não de rutura”, disse Maya ao ECO, à margem da 31.ª edição dos Investor Relations & Governance Awards, da Deloitte, que se realizou no Convento do Beato.
"Estamos os dois [Maya e Nuno Amado] empenhados em trabalhar para ter belíssimos lucros este ano, dentro daquilo que é o contexto financeiro.”
Apesar de considerar que “os desafios são muito grandes”, salientando que ainda “há muita coisa para fazer”, o BCP está de volta aos resultados positivos. Na primeira metade do ano, o banco liderado por Miguel Maya conseguiu lucros de 150,6 milhões de euros e, ao ECO, Maya está confiante que conseguirá resultados ainda melhores no final do exercício. “Estamos os dois [Maya e Nuno Amado] empenhados em trabalhar para ter belíssimos lucros este ano, dentro daquilo que é o contexto financeiro”, diz.
Perante esses resultados “belíssimos”, os acionistas podem esperar dividendos já em 2019? “Estamos ambos convictos que é preciso remunerar os acionistas”, mas “para remunerar os acionistas temos de ter rendibilidade”, além de ser necessário cumprir com o que são as expectativas dos reguladores. “Temos de fazer as coisas de forma muito sustentável e tudo estamos a fazer para que isso possa vir a ser possível“, diz Miguel Maya.
O presidente executivo dá, assim, mais um sinal de que 2019 pode mesmo marcar o regresso do banco aos dividendos, sendo bastante mais explícito nesse objetivo do que aquando da apresentação das contas do primeiro semestre, as primeiras que apresentou enquanto CEO. A acontecer, será a primeira vez desde 2010, sendo que o plano de médio/longo prazo prevê que em 2021 o BCP possa estar a entregar cerca de 40% dos lucros em dividendos.
“Sustentabilidade é vista, agora, como um valor essencial”
Miguel Maya defende sempre a sustentabilidade na sua visão para a gestão do banco que lidera. Só assim se garante a estabilidade do setor financeiro, nomeadamente do português que considera estar “incomparavelmente melhor preparado para choques”, ao contrário do que aconteceu no passado. A cultura da banca mudou. A sustentabilidade
Há uma mudança estrutural ao nível das práticas de governance. Há uma preocupação muito maior com a sustentabilidade e não comprometemos — não vejo ninguém disponível, minimamente, para comprometer a sustentabilidade das instituições financeiras em prejuízo ou beneficio de resultados intra-meta ou anuais.
Crises? “Vai haver sempre crises. A questão não é se haverá ou não. É quando é que é a próxima”, diz o presidente executivo do BCP. Mas, apesar de reconhecer que “há sempre debilidades” em todas as instituições, hoje, as instituições “têm uma solidez incomparavelmente melhor do que o que eram no inicio desta crise”. É resultado das exigências regulatórias, mas também do facto de as instituições terem “interiorizado a necessidade da sustentabilidade como um valor essencial”.
Há, diz, uma “mudança estrutural ao nível das práticas de governance. Há uma preocupação muito maior com a sustentabilidade e não comprometemos — não vejo ninguém disponível, minimamente, para comprometer a sustentabilidade das instituições financeiras em prejuízo ou beneficio de resultados intra-meta ou anuais”.
“Não acredito na separação entre o soberano e os bancos”
Apesar de todas as defesas que a banca criou, seja por obrigação regulatória, seja por autorregulação, Miguel Maya diz que o setor financeiro, pela sua natureza, estará sempre exposto aos ciclos da economia do país onde tem a maior parte das suas operações, neste caso, Portugal. E, neste momento, o “contexto macroeconómico é favorável”, mas pede que o Governo apresente um Orçamento do Estado (OE) que procure manter a sustentabilidade das contas públicas.
“Não acredito na separação entre soberano e os bancos porque o nosso balanço é a economia portuguesa”, diz Maya. “Nós [o BCP] só estamos bem se os nossos clientes, que têm operações em Portugal, estiverem bem. Portanto, obviamente que me importa muito aquilo que é o desempenho da economia” portuguesa, nota.
"Não acredito na separação entre soberano e os bancos porque o nosso balanço é a economia portuguesa.”
Depois de salientar que o BCP “não faz política”, escusando-se a apontar medidas que gostaria de ver no OE, além do compromisso de sustentabilidade, Maya reconhece o que não quer. Questionado pelo ECO se, por exemplo, uma “linha vermelha” na proposta de OE seriam mais taxas sobre o bancos, o CEO é taxativo: “Mais taxas para a banca não seriam, certamente, boas notícias”.
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