Discórdia tomou conta do orçamento italiano. Mercados sofrem
O Governo italiano tem até à meia-noite desta quinta-feira para apresentar o orçamento para o próximo ano, mas a discórdia parece estar instalada. Impasse está a fazer tremer os mercados.
O primeiro orçamento do novo Governo de coligação italiano promete ficar marcado pela turbulência política. A menos de 24 horas do fim do prazo para a apresentação no Parlamento das metas macroeconómicas para próximo ano, as negociações estão a atravessar uma fase complicada. Tudo porque os dois vice-primeiros-ministros italianos — Luigi Di Maio e Matteo Salvini — exigem maiores gastos orçamentais, avança a Bloomberg.
Na quarta-feira, Di Maio já tinha ameaçado bloquear estas negociações, se as suas propostas (nomeadamente a implementação do Rendimento Básico Incondicional, o alívio da carga fiscal e o reforço das pensões) não fossem tidas em conta.
O líder do Movimento 5 Estrelas (uma das duas forças políticas da coligação governamental) pretende ainda que, em 2019, o défice italiano fique nos 2,4%, valor que agrada Salvini (líder da Liga), mas choca com os planos do ministro das Finanças. É que Giovanni Tria planeia deixar o défice, pelo menos, nos 2%.
“Se Tria não fizer parte do projeto, encontraremos outro ministro das Finanças”, já deixou claro a Liga. De facto, chegaram a circular rumores de que Giovanni Tria se tinha ameaçado demitir perante as exigências referidas, mas fontes próximas do Governo desmentiram a história. O certo é que, ameaças ou não, o responsável pela pasta das Finanças italianas é tido como “dispensável” por alguns dos membros do Executivo.
Neste quadro de discórdia, o jornal Corriere della Sera adiantou mesmo que a reunião desta quinta-feira — na qual serão fechadas as principais metas orçamentais — estava em risco de ser adiada. “Precisamos de um pouco mais de flexibilidade de modo a manter os compromissos que firmamos com os nossos eleitores”, garantiu fonte próxima de Salvini, citada por esse jornal.
Perante o cenário de instabilidade, os mercados europeus tremem. Os juros da dívida italiana estão a agravar-se, com a taxa a dez anos a subir nove pontos base para 2,943% — os títulos a dois anos estão, por sua vez, a disparar 20 pontos –, apesar de Di Maio ter vindo tentar acalmar os mais receosos, confirmando em Bruxelas que as suas exigências serão satisfeitas e que, portanto, será entregue um orçamento “corajoso” que deverá estimular o crescimento.
Com a subida dos juros, o setor financeiro ressente-se. O índice que agrega os maiores bancos italianos regista uma queda de 3,7%, colocando pressão em todo setor na Europa. Assim, o índice de referência italiano recua 1,30% para 21.365 pontos. Nas restantes praças, a tendência é idêntica, ainda que com quedas menos acentuadas. O Stoxx 600 cai 0,43%, também perante a subida de juros da Fed. Em Lisboa, o PSI-20 está a perder 0,16%.
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