Depósitos acima de 100 mil euros estão a encolher
O valor total dos depósitos dos portugueses está a aumentar, mas há menos dinheiro nas contas mais abastadas. A instabilidade em torno do setor bancário pode estar na base desta descida.
O valor total dos depósitos de Portugal tem aumentado, mas há menos dinheiro nas contas mais abastadas. A instabilidade em torno da banca parece estar a levar os portugueses a retirar o dinheiro de contas acima dos 100 mil euros.
De acordo com os dados mais recentes do Fundo de Garantia de Depósitos (FGD), citados pelo Público, as contas superiores a 100 mil euros valiam 58.096 milhões de euros em junho do ano passado, menos 3.395 milhões (ou 5,5%) face a idêntico período de 2014. Estas contas correspondem a 1,3% dos depositantes. Portanto, uma pequena maioria.
Esta retirada de capital pode demonstrar alguns receios por parte dos depositantes, uma vez que o dinheiro acima dos 100 mil euros não é protegido em caso de intervenção do Estado na banca. E o setor tem demonstrado alguns problemas. Sendo estes dados de junho de 2015, ainda não englobam a intervenção das autoridades no Banif, em dezembro. E ainda faltavam seis meses para entrar em vigor a lei que permitir implicar parte destes depósitos — acima dos 100 mil euros — em caso de intervenção num banco.
Descida é “perfeitamente compreensível”
João César das Neves diz que a descida dos depósitos acima dos 100 mil euros e dos montantes não cobertos pela garantia de depósitos é “perfeitamente compreensível”. O economista diz ao Público que a “existência de um limite de segurança cria naturalmente um risco adicional acima desse nível e um incentivo para restruturar os depósitos para níveis inferiores”.
Por outro lado, Ricardo Cabral diz que os dados fornecidos pelo fundo parecem mostrar que as pessoas “retiraram parte desses depósitos da banca portuguesa, movendo-os para a banca estrangeira ou para outro tipo de aplicações” como o setor imobiliário. O economista diz que também pode ter dividendo “esses depósitos por outros bancos e/ou por contas com outras titulares”. Assim, conseguem assegurar a cobertura do dinheiro.
Ricardo Cabral acrescenta ainda que é “provável que a instabilidade em torno da banca portuguesa em 2014”, com a resolução do BES, “e a perspetiva de que a autoridade de resolução bancária iria passar do Banco de Portugal para o BCE a partir de janeiro de 2016, tenha levado alguns portugueses a adotar essa estratégia”.
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