“Qualquer dia a fatura do Novo Banco vai recair apenas sobre o BCP e a CGD”, diz Miguel Maya

  • ECO
  • 17 Novembro 2018

O CEO do BCP diz não ter uma vida fácil. Falou na importância de voltar a distribuir dividendos e considera injusto os custos do Novo Banco serem suportados unicamente por bancos com sede em Portugal.

Faz parte do BCP há 28 anos, mas nunca esperou assumir a presidência. Em entrevista ao Expresso (acesso pago), Miguel Maya diz ser “importante voltar a distribuir dividendos”, mas mais importante do que isso é o banco ter “níveis de capital adequados e estabilidade” para os distribuir. Sobre a fatura do Novo Banco, o CEO defende que esta devia ser paga por mais operadores do sistema financeiro, e não apenas os bancos com sede em Portugal.

“Para ser completamente honesto, não. A minha motivação desde que cheguei à administração nunca foi ser presidente”, respondeu Miguel Maya, quando questionado se estava à espera de assumir a presidência do BCP. Sobre a passagem de Nuno Amado para Presidente do Conselho de Administração, o CEO diz não ser algo “injusto”. “Não é uma desqualificação”, explicou.

“Estamos a evoluir para um modelo que responsabiliza mais as pessoas e é mais transparente nos processos de decisão”, disse Maya. Neste sentido, considera que é “importante voltar a distribuir dividendos, mas é mais importante garantir que o BCP tem níveis de capital adequados e estabilidade para os distribuir”.

Custos com o Novo Banco deviam abranger mais operadores

Miguel Maya defende que a fatura do Novo Banco devia ser paga por mais operadores do sistema financeiro, e não apenas os bancos com sede em Portugal. “A solução é um fardo grande para o BCP e para os bancos“, disse. Embora reconheça que o Governo fez o que tinha a fazer quando resolveu o Banco Espírito Santo (BES), há cerca de quatro anos, acredita que é possível “encontrar uma solução mais equitativa”. Isto porque, se mais bancos deixarem de ter sede em Portugal, qualquer dia a fatura passa a “recair apenas nas costas do BCP e da CGD”.

Temos de caminhar para uma solução onde sejam mais operadores que utilizem o sistema financeiro a pagar. Porque é que o BCP paga e as fintechs não pagam? Porque é que os operadores que vendem produtos de poupança aos nossos clientes a partir de França ou de Espanha não pagam?”, questionou.

“Não noto tensão entre os acionistas. Isso é tema do passado”

Atualmente, o BCP é controlado pelos chineses da Fosun e os angolanos da Sonangol. “Não noto nenhuma tensão entre os acionistas. Isso é tema do passado. Os que os acionistas pedem é que o banco faça o seu caminho e seja rentável”, explica o CEO do BCP, afirmando que “controlar não é a palavra correta”. “O maior número de acionistas é português, 30% do capital está disperso em pequenos acionistas”, acrescentou.

Questionado se a saída de algum dos acionistas de referência iria deixar o banco mais vulnerável, Miguel Maya não respondeu diretamente. “A minha preocupação é garantir um banco bem gerido, rentável, com capacidade de voltar a pagar dividendos, e esperar que os acionistas reconheçam esse valor”, disse.

“Mas, se pensarmos que o continente africano e a China são geografias de elevado crescimento no futuro e estão a ganhar uma preponderância crescente (…) o facto de, em Portugal, haver um banco que se relaciona bem com entidades relevantes dessas geografias é uma vantagem competitiva”.

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