Vítor Constâncio diz que criptomoedas “nunca terão qualquer hipótese”
O ex-vice-governador do Banco Central Europeu não tem medo das moedas digitais. Aliás, prefere nem sequer chamar-lhes de moedas, uma vez que "não há moedas sem um poder estatal por trás".
Num momento em que tanto se fala de criptomoedas, quando o tema é guerras cambiais é quase impossível que as moedas virtuais não venham à tona. Ainda que alguns olhem para as criptomoedas com receio, Vítor Constâncio, vice-governador do Banco Central Europeu (BCE) durante os últimos dez anos, não teme as moedas digitais.
O também antigo ministro das Finanças e líder socialista considera que as criptomoedas “nunca terão qualquer hipótese de ter essa visibilidade”, comparativamente às moedas “reais”.
“Não há moedas sem um poder estatal por trás”, afirmou Vítor Constâncio, durante a sua intervenção na conferência da Unicâmbio, que celebra o 26.º aniversário da mais antiga agência de câmbios, no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), em Lisboa.
"“Não há moedas sem um poder estatal por trás””
O ex-vice-presidente do BCE, que falava sobre o uso de moedas nacionais no plano internacional, referiu-se às criptomoedas como uma forma de “especulação”, acrescentando que estas não podem ser encaradas como concorrentes, pois “não preenchem as condições necessárias para serem moedas”.
Deixando, assim, de fora as moedas virtuais que, nas suas palavras, “nunca passarão de pequenas dimensões e estão em declínio”, Constâncio preferiu focar-se nas moedas que dominam o sistema de moedas internacionais. De acordo com o político, o dólar, que é a moeda com maior domínio, “deverá manter essa posição durante bastante tempo”. O euro, por sua vez, é a segunda moeda mais importante. Contudo, “tem visto a sua progressão limitada pela crise existencial de 2010-2021 e pela insuficiente integração do mercado de capitais”, considera.
O japonês ien, a terceira moeda mais importante no plano internacional, “não terá grandes hipóteses de aumentar a sua importância no sistema internacional, mas o renminbi sim”. Apesar desta moeda, a oficial da República Popular da China, ter ainda uma expressão muito reduzida, Vítor Constâncio alertou para a sua futura imposição no sistema internacional.
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