Fatura com a banca já vai nos 16,7 mil milhões. Quanto custou cada banco ao Estado?
Tribunal de Contas divulga fatura detalhada com o custo de cada banco que foi intervencionado pelo Estado na última década. Embora prejuízos totalizem os 17 mil milhões, houve ajudas que deram lucro.
É o Tribunal de Contas que diz: “O esforço financeiro resultante das intervenções públicas destinadas a apoiar o sistema financeiro internacional no seguimento da crise financeira internacional, iniciada em 2007, constituiu um encargo elevado para o erário público, em particular, num contexto de finanças públicas deficitárias”. Em termos exatos, aquele tribunal revela que a banca portuguesa já passou uma fatura de 16,7 mil milhões de euros aos contribuintes na última década, o equivalente a 12% da riqueza produzida por Portugal no ano passado. E apresenta a conta detalhada.
À cabeça dos bancos que mais deram “prejuízos” aos cofres do Estado nos últimos dez anos está a Caixa Geral de Depósitos (CGD). Ainda no ano passado o banco liderado por Paulo Macedo recebeu uma injeção de dinheiro público de 3.900 milhões de euros. Feitas as contas, entre despesas públicas e receitas, o banco público apura uma perda líquida de 5.535 milhões de euros para o Estado no período entre 2008 e 2017.
Logo a seguir surge o BES/Novo Banco. O antigo Banco Espírito Santo foi alvo de uma medida de resolução em agosto de 2014, que dividiu a instituição na parte má e na parte boa (o Novo Banco). Desde então, o Estado já “gastou” 4.607 milhões de euros com o banco.
A fazer dez anos desde a sua nacionalização, o BPN já custou ao Estado 4.134 milhões de euros e a fatura com o antigo banco de Oliveira e Costa não vai ficar por aqui tendo em conta os capitais próprios das sociedades-veículo criadas para gerir os ativos tóxicos estão negativos em 1.716 milhões de euros, “encargos que poderão vir a ser suportados pelo Estado no futuro”, notou o Tribunal de Contas no parecer sobre a Conta Geral do Estado emitido esta quarta-feira.
Quanto é o Estado gasta com cada banco?
Já a fatura do Estado com o Banif, que foi liquidado em 2015 e vendido ao Santander Totta por 150 milhões de euros, ia nos quase 3.000 milhões de euros no final de 2017. E com o BPP os prejuízos eram de 588 milhões.
BCP e BPI dão lucro de 1.100 milhões
Nem todos os bancos nacionais representaram um fardo para os contribuintes que tiveram de acudi-los nos momentos mais apertados. Por exemplo, o Estado emprestou 1.500 milhões de euros em obrigações de capital contingente (CoCos) ao BPI e desse “empréstimo”, entretanto já saldado pelo banco, houve lugar a um ganho de 167 milhões de euros.
Mais expressivo foi o lucro que o Estado tirou de um empréstimo semelhante ao BCP, mas de maior dimensão: 3.000 milhões de euros foram emprestados ao banco em formato de CoCos. Só no ano passado é que o BCP liquidou a totalidade desse dinheiro, depois de um aumento de capital que veio dar protagonismo aos chineses da Fosun na estrutura acionista do maior banco privado português. Com esta operação o Estado lucrou 919 milhões de euros.
Já as intervenções em bancos mais pequenos como o Banco Invest, Banco Mais e o Finantia deu um ganho líquido de 5 milhões, calcula o Tribunal de Contas.
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