Uma década de sucesso e outra de crise. O euro faz 20 anos

Começou a circular apenas três anos depois, mas a moeda única foi criada oficialmente a 1 de janeiro de 1999. Conheça o percurso, vantagens e desafios (e faça ainda o quiz sobre o euro).

O vigésimo aniversário da moeda única é um ponto de viragem. Após uma década de sucesso e outra de crise, o euro entra numa nova fase, em que poderá vir a ganhar peso no contexto global. As instituições europeias não escondem a vontade de reforçar o poder da moeda, mas os partidos antieuropeístas fazem sombra ao brilho da divisa.

Apesar de ter entrado em circulação apenas três anos mais tarde, dia 1 de janeiro de 1999 foi a data em que 11 países da União Europeia fixaram taxas de câmbio, adotaram uma política monetária partilhada sob a responsabilidade do BCE e lançaram uma nova moeda comum. Foi o nascimento do euro, que é atualmente a moeda de 19 países da União Europeia (UE) e de 340 milhões de cidadãos europeus.

Se olharmos para estes 20 anos, vemos dois períodos diferentes. O primeiro período foi de culminar de um longo ciclo de grande moderação e o segundo foi de crise”, afirmou o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, no início do mês. Apesar de reconhecer que é um “observador enviesado”, considera que “o euro tem sido um sucesso”.

“Agora, se todos participaram nesse sucesso ou não, é que nos devíamos questionar. Porquê? Porque é claro que todos participaram dos benefícios da moeda única. Devíamos encontrar as razões para isso… É complexo. Parte deve-se a responsabilidades nacionais, mas parte não. O que espero agora para o euro é uma reflexão franca que possa inspirar ações futuras sobre como completar a União Monetária”, acrescentou Draghi.

O euro nunca foi tão popular. O barómetro da Comissão Europeia, publicado em novembro, indica que 74% dos cidadãos da Zona Euro consideram que a moeda única beneficia a UE, enquanto 64% defendem que é positiva para a economia do país em que vive.

No entanto, nem sempre foi assim e a crise atingiu de forma profunda os países da região e levou o BCE a tomar medidas inéditas na Zona Euro. Depois de garantir que faria tudo o que fosse preciso para salvar o euro, Draghi começou um programa massivo de compra de dívida, que atingiu os 2,6 biliões de euros ao longo de três anos. Terminado em 2018, os estímulos monetários foram vistos como uma das principais causas para a descida dos custos de financiamento dos países em crise.

Apesar da recuperação, abriu-se espaço à emergência de partidos populistas na Zona Euro, incluindo em grandes economias como França, em 2017, ou, mais recentemente, em Itália. Mas até estes acabaram por perder força. Afastadas as ameaças financeira e política, cabe agora à União Europeia definir o caminho da próxima década do euro.

As instituições europeias pretendem aprofundar os planos de reforço da moeda única, cujas linhas mestras foram definidas no “Relatório dos Cinco Presidentes“, em 2015. O plano, que decorre em duas fases até 2025 e uniu os presidentes da Comissão Europeia, do Parlamento Europeu, o Banco Central Europeu e do Conselho Europeu, já deu frutos ao nível da coordenação de políticas económicas e orçamentais dos Estados membros e os mecanismos de resposta à crise. Por outro lado, a União Bancária e a União de Mercado de Capitais, apesar de terem avançado, continuam aspetos por concluir.

Numa altura de transição para a governança europeia — com mudanças de presidentes no Banco Central Europeu e Comissão Europeia em 2019 e do Eurogrupo em 2020 –, o objetivo da Zona Euro poderá ser aproveitar a guerra comercial para reforçar a confiança mundial na moeda única.

“No contexto atual de incerteza de conflitos comerciais e sanções extraterritoriais dos EUA, os participantes do mercado estão à procura de alternativas”, afirmou o comissário europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros, Pierre Moscovici, no início do mês. Defendeu que o euro deve “refletir o peso político, económico e financeiro da Zona Euro” no mundo e sublinhou que governos, bancos e multinacionais estão à mercê dos EUA.

Após o início, paridade com o dólar esteve próxima em 2016

Fonte: Reuters

No verão de 2019, a Comissão Europeia irá apresentar os resultados de uma série de consultas públicas para explorar opções de reforço do poder do euro, incluindo sobre a hipótese de o euro substituir o dólar nas importações de petróleo, gás e outras matérias-primas. O setor da transportação aérea poderá ser outro setor em que a UE quer aumentar a presença.

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