Banco Mundial está menos otimista. Vê zona euro crescer 1,6% em 2019
Banco Mundial estima que a economia da zona euro tenha crescido 1,9% em 2018 e desacelere para 1,6% em 2019. É uma previsão menos otimista do que a de junho de 2018.
O Banco Mundial (BM) estima que a economia da zona euro tenha crescido 1,9% em 2018 e que progrida 1,6% este ano, revendo em baixa as suas previsões de junho. Nas previsões económicas globais lançadas esta terça-feira, a instituição com sede em Washington revê em baixa de 2,1% para 1,9% a estimativa de crescimento para 2018.
O Banco Mundial prevê um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da zona euro de 1,6% em 2019 (menos 0,1 pontos percentuais face às anteriores previsões), 1,5% para 2020 (estimativa inalterada relativamente a junho) e 1,3% para 2021.
Para 2018, os números do crescimento previsto pelo Banco Mundial convergem com os do Banco Central Europeu (BCE), mas estão abaixo dos do Fundo Monetário Internacional (FMI), que previu um crescimento de 2% em outubro, e dos da Comissão Europeia, que apontou para 2,1% nas previsões económicas de outono, divulgadas em novembro.
Já para 2019, o Banco Mundial está menos otimista do que o BCE, que prevê um crescimento de 1,7% do PIB da zona euro, e 0,3 pontos percentuais abaixo das projeções do FMI e da Comissão Europeia. Em 2020, as previsões do BM situam-se duas décimas abaixo do crescimento previsto pelo BCE e pela Comissão Europeia.
Na sua análise económica, o BM salienta o abrandamento das exportações no bloco, “refletindo a anterior valorização do euro e uma decrescente procura externa”, bem como a “inflação teimosamente baixa”. Apesar de a inflação global “ter atingido o objetivo”, esse fator deveu-se “largamente a uma aceleração temporária nos preços da energia”, aponta o Banco Mundial, já que a inflação de base “permanece à volta de 1%” e as perspetivas de longo prazo “continuam a flutuar à volta de 1,6%”.
O BM prevê ainda que o BCE mantenha “a sua política de taxas de juro negativas pelo menos até meio de 2019”, apesar da paragem do programa de compra de ativos confirmada em dezembro de 2018.
Relativamente ao Brexit, a economista do Banco Mundial Franziska Ohnsorge, uma das autores do documento, afirmou tratar-se de “um risco para o Reino Unido, mas também para a zona euro”. “Muitos países dependem do comércio com a zona euro, sobretudo a Europa de Leste e Norte de África”, afirmou a economistas, numa apresentação do documento em Londres. “Se alguma coisa afetar o crescimento da zona euro, é algo que será sentido nos mercados emergentes”, acrescentou, referindo países como Bulgária, Ucrânia, Sérvia, Moldávia e Geórgia.
A publicação das perspetivas económicas mundiais segue-se à demissão do presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, anunciada em comunicado na segunda-feira, e que será efetiva em 01 de fevereiro. Jim Yong Kim irá voltar ao setor privado, a uma empresa que investe em infraestruturas em países em desenvolvimento, segundo o comunicado. O Banco Mundial tem sede em Washington, nos Estados Unidos, e é dos maiores financiadores de projetos de infraestrutura em países em desenvolvimento.
Banco Mundial prevê desaceleração da economia mundial em 2019
O crescimento económico global vai desacelerar de 3% em 2018 para 2,9% em 2019, informou ainda o Banco Mundial, que identificou vários riscos para as perspetivas económicas, destacando as tensões relacionadas com as “guerras comerciais”.
Os peritos do Banco Mundial reviram em baixa as estimativas para ambos os anos em 0,1 pontos percentuais desde o relatório apresentado há 12 meses e projetaram um crescimento de 2,8% para 2020 e 2021.
“As perspetivas para a economia global são mais sombrias. As condições de financiamento global foram apertadas, a produção industrial atenuou, as tensões comerciais intensificaram-se e algumas grandes economias emergentes e em desenvolvimento sentiram uma pressão significativa nos mercados financeiros”, refere o relatório Perspetivas Económicas Globais de 2019.
Os principais riscos para a economia global são a possibilidade de perturbações descontroladas dos mercados financeiros, um escalar de disputas comerciais, a incerteza política e a desaceleração em simultâneo dos EUA e China, as duas maiores economias mundiais.
Numa apresentação em Londres, a economista Franziska Ohnsorge, uma das autoras do documento, destacou um potencial impacto de uma guerra comercial entre os EUA e China, as duas maiores economias mundiais, se avançarem com o aumento de tarifas aduaneiras.
Os peritos do Banco Mundial estimam que, se todas as tarifas atualmente em consideração forem implementadas, afetariam cerca de 5% dos fluxos de comércio global e poderiam prejudicar o crescimento nas economias envolvidas, levando a repercussões globais negativas. “Se o crescimento chinês abrandar um ponto percentual, o crescimento mundial abranda 0,3 pontos percentuais. As economias emergentes e mercados em desenvolvimento abrandariam 0,6%, quase o dobro, porque estão mais expostas à China do que as economias avançadas”, indicou.
Por outro lado, se a economia norte-americana entrar em recessão, o que é considerado muito pouco provável, existem 60% de hipóteses de arrastar a economia global para o vermelho. “O risco de uma recessão mundial é reduzido porque, por enquanto, as economias avançadas ainda estão a crescer acima das taxas potenciais, muito devido a políticas. Os EUA estão a beneficiar do estímulo fiscal que ainda está a impulsionar fortemente o crescimento este ano, mas que só deverá começar a deixar de sentir-se no próximo ano”, vincou.
O crescimento económico nos EUA vai passar de 2,9% em 2018 e 2,5% em 2019 para 1,6% em 2020, segundo o relatório, enquanto na China se espera um crescimento económico de 6,5% em 2018 e 6,2% tanto em 2019 como em 2020.
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