Subida do crédito ao consumo não preocupa. São novos clientes, diz APB
Perante os deputados, a associação de bancos diz não estar preocupada com a subida da concessão de crédito às famílias em Portugal, salientando que compara bem com a média da Europa.
Não há motivos de preocupação em resultado do aumento da concessão de crédito ao consumo. A posição é da Associação Portuguesa de Bancos (APB) que salienta que esta subida tem origem em novos clientes e não em mutuários já endividados.
“O fluxo de crédito ao consumo tem sido originado por novos mutuários. Não resulta de mais endividamento das famílias já existentes“, precisou Catarina Cardoso, diretora geral da APB, na audição parlamentar sobre o endividamento das famílias que também levou Faria de Oliveira, presidente da associação que representa os bancos, ao Parlamento esta quarta-feira. Catarina Cardoso acrescentou que, em termos dos volumes da nova concessão, se está “ainda em níveis inferiores aos anteriores à crise”.
A afirmação da responsável da APB acontece um dia depois de dados divulgados pelo Banco de Portugal indicarem que o valor disponibilizado em crédito ao consumo no acumulado dos 11 meses de 2018 já superou a concessão registada em todo o ano anterior. Em 2017, foram disponibilizados 4.264 milhões de euros em empréstimos para consumo, acima dos 4.225 milhões concedidos entre o início de 2018 até ao final de novembro.
Catarina Cardoso falou, contudo, na “reduzida expressividade” da finalidade de consumo na totalidade do crédito às famílias. Lembra que o crédito à habitação representa 80,7% do stock total, enquanto para consumo a proporção é de 13,1%.
Posição reforçada por Faria de Oliveira que salienta ainda o facto de que “Portugal até se posiciona muito bem quando comparado com a generalidade dos países europeus“. Isto porque a representatividade do crédito ao consumo na totalidade do crédito às famílias está abaixo daquilo que acontece na média da Europa.
Uma métrica que no caso do crédito à habitação não joga a favor de Portugal, já que o financiamento para a compra de casa tem, em Portugal, um peso mais elevado do que a média europeia, mas que é desvalorizada pela APB. Faria de Oliveira lembra que esta situação não pode ser dissociada da falta de mercado de arrendamento no país e a propensão das famílias em usar a compra de casa como forma de poupança, por exemplo.
A implementação das recomendações do Banco de Portugal no sentido de colocar um travão na concessão de crédito foi outro dos temas abordados com o representante dos bancos a afirmar que “o processo de desalavancagem das famílias não está terminado, mas o rigor de apreciação da solvência dos clientes que procuram obter crédito é rodeado da maior prudência e cautela, cumprindo as recomendações do BdP“.
O presidente da APB preferiu canalizar as atenções para a falta de poupança em Portugal. Faria de Oliveira, disse que esta tem vindo a “atingir valores historicamente baixos”, considerando que o Estado tem “importantes opções a fazer tanto no que respeita à mobilização dos cidadãos e empresas para a poupança e à sua responsabilização em relação ao endividamento”.
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