Europeus preferem poupar apesar de juros negativos

Os bancos até podem nem estar a remunerar depósitos, mas a maioria das famílias continua a preferir guardar dinheiro no banco do que em qualquer outro sítio. Consequências da crise financeira.

“Os velhos hábitos nunca morrem”. O ditado popular bem pode ser aplicado ao perfil de risco das famílias europeias. Com os bancos a oferecerem taxas mínimas ou mesmo nulas nos depósitos, a maior parte dos europeus continua a preferir guardar o seu dinheiro numa conta a prazo. Justificação? A crise financeira que deixou os europeus sem outras alternativas de investimento fiáveis.

Os dados são de um inquérito realizado pela Intrum Justitia, a maior cobradora de dívidas na Europa com sede em Estocolmo, na Suécia. De acordo com o estudo realizado junto de 21 mil pessoas de 21 países, aproximadamente 69% dos europeus continua a colocar as suas poupanças em contas bancárias. Adicionalmente, 26% prefere manter os seus fundos em dinheiro vivo. Já 16% detém ações, enquanto 8% investe no mercado imobiliário e outros 8% no mercado obrigacionista.

“Depois da crise financeira, as pessoas sentiram a necessidade — mesmo com poucos recursos — de criar uma espécie de segurança”, referiu o CEO da Intrum Justitia, Mikael Ericson, à Bloomberg. “As pessoas não podem estar a guardar dinheiro no banco por causa dos retornos fantásticos que têm para oferecer. Por isso, deve ser uma sensação de segurança que os leva a colocar dinheiro no banco“, justificou.

"Depois da crise financeira, as pessoas sentiram a necessidade — mesmo com poucos recursos — de criar uma espécie de segurança. As pessoas não podem estar a guardar dinheiro no banco por causa dos retornos fantásticos que têm para oferecer. Por isso, deve ser uma sensação de segurança que os leva a colocar dinheiro no banco.”

Mikael Ericson

Intrum Justitia

Na Dinamarca e Suécia, onde os bancos centrais colocaram as taxas diretoras abaixo de 0%, cerca de 80% das famílias coloca o seu dinheiro em contas bancárias. Em França, Reino Unido e Holanda, este valor é superior a 80%, indica o mesmo estudo.

Para a empresa de cobrança de dívidas, mais preocupante do que estes números relativos às preferências de investimento dos europeus, é o facto de muitos europeus terem manifestado dúvidas quanto ao seu bem-estar.

Cerca de 24% das pessoas respondeu que emigraria para escapar à problemática situação financeira do seu país, enquanto 27% referiu que não consegue pagar as suas dívidas. Destes incumpridores, mais de metade sente que não tem dinheiro suficiente para “uma existência digna”.

No Reino Unido, um terço dos inquiridos com idade entre os 18 e os 24 consideram a hipótese de abandonar a ilha, possivelmente na sequência da decisão britânica de abandonar a União Europeia, diz a Intrum Justitia. Um ano antes, apenas 13% dos jovens britânicos pretendia emigrar.

 

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