Economia chinesa registou pior crescimento dos últimos 28 anos. Cresceu 6,6% em 2018
A economia da China cresceu ao ritmo mais lento dos últimos 28 anos. Pequim reduziu as restrições no acesso ao crédito e aumentou a despesa pública, para evitar a destruição de empregos.
A economia da China, a segunda maior do mundo, cresceu 6,6%, em 2018, ou seja, ao ritmo mais lento dos últimos 28 anos, anunciou esta segunda-feira o Gabinete Nacional de Estatísticas do país.
Trata-se do menor crescimento desde 1990, quando se fixou em 3,7%, devido às sanções económicas internacionais impostas na sequência da sangrenta repressão do movimento de Tiananmen, em 1989. Representa também uma desaceleração de duas décimas face ao crescimento registado em 2017, mas dentro da meta definida pelo Governo, de “cerca de 6,5%”.
No último trimestre do ano, a economia chinesa registou um crescimento homólogo de 6,4%, menos uma décima do que nos três meses anteriores. A liderança chinesa está a encetar uma transição no modelo económico do país, visando uma maior preponderância do setor dos serviços e do consumo, em detrimento das exportações e construção de obras públicas.
Mas a desaceleração tem sido mais acentuada do que o previsto, levando Pequim a reduzir as restrições no acesso ao crédito e a aumentar a despesa pública, visando evitar a destruição de empregos, o que poderia resultar em instabilidade social.
A atividade económica permaneceu robusta durante a maior parte do ano, apesar de a guerra comercial que espoletou, no verão passado, com Washington, e suscitada pelas ambições chinesas para o setor tecnológico.
No entanto, as exportações caíram em dezembro, refletindo os efeitos da entrada em vigor de uma segunda ronda de taxas alfandegárias nos Estados Unidos, sobre cerca de 200.000 milhões de dólares de bens oriundos da China. Em termos nominais, o valor do Produto Interno Bruto chinês ascendeu a 90,03 biliões de yuan (11,66 biliões de euros).
População chinesa com menor número de nascimentos desde 2000
A população da China aumentou 15,23 milhões, para 1.395 milhões de habitantes, em 2018, segundo dados oficiais divulgados nesta segunda-feira, prolongando a contínua queda na taxa de natalidade do país mais populoso do mundo.
Trata-se do número de nascimentos mais baixo desde 2000 e um abrandamento de 3,81%, face ao ano anterior, apesar de Pequim ter abolido a política de filho único, em 2016. A China, país onde vive cerca de 18% da humanidade, aboliu a 1 de janeiro de 2016 a política de “um casal, um filho”, pondo fim a um rígido controlo da natalidade que durava desde 1980. Pelas contas do Governo, sem aquela política, a China teria hoje quase 1.700 milhões.
Mas a população em idade ativa estagnou, enquanto o rácio de dependência – o número de trabalhadores em relação à população que não trabalha (sobretudo crianças e reformados) – continua a aumentar. As autoridades chinesas estimam que a população do país atingirá o pico de 1.442 milhões, em 2029, e que entrará em declínio no ano seguinte.
Entretanto, e fruto da tradição feudal que dá preferência a filhos do sexo masculino, a política de filho único gerou um excedente de 30 milhões de homens. Segundo a atual política de natalidade, que substituiu a de “um casal, um filho”, a maioria dos casais chineses pode ter apenas duas crianças.
Em 2016, o primeiro ano desde a abolição da política de filho único, o número de nascimentos aumentou, de 16,55 milhões, no ano anterior, para 17,86 milhões. Desde então, a taxa de natalidade caiu sucessivamente, apesar de Pequim ter deixado de promover abortos forçados e multas, e passando a oferecer incentivos à natalidade.
Em 2017, o número total de nascimentos fixou-se em 17,23 milhões, menos 630.000 do que no ano anterior. O cuidado com os idosos passou a ser uma preocupação crescente do governo, já que a percentagem de população em idade ativa continua a cair.
Segundo especialistas, a queda no número de nascimentos deve-se sobretudo à redução no número de mulheres em idade fértil, um grupo que perde entre cinco e seis milhões de pessoas por ano, e aos altos custos e falta de tempo para criar uma criança. A atual restrição de dois filhos pode assim vir a ser também abolida, permitindo que as famílias tenham vários filhos, pela primeira vez em décadas.
Mas apesar das projeções de declínio no país mais populoso do mundo, as Nações Unidas estimam que a população global continue a crescer. Um relatório de 2017 estima que, em 2030, chegue aos 8,6 mil milhões, e que, até ao final do século, alcance os 11,2 mil milhões. A Índia deve superar a China como o país mais populoso até 2024, segundo a ONU.
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Economia chinesa registou pior crescimento dos últimos 28 anos. Cresceu 6,6% em 2018
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