O Planeta Asiático – a sequela do remake
Depois de cinco anos a viver entre dois continentes, consigo finalmente perceber que sou portuguesa por hábito e asiática por habitat.
Depois do retumbante sucesso, em 2012, de “Planeta Asiático – Duas mulheres e um Continente” e do remake romântico, em 2015, “Planeta Asiático – Love you long time“, assistimos à estreia, no ano passado, da sequela do clássico Bollywood de 2008 “Chamuças de Bacalhau”, com o ruminante título “A Via da Vaca”.
Este ano, temos o prazer de anunciar mais uma redundância de aventuras geográficas, uma odisseia de inesgotáveis clichés, um projeto pouco planeado e um etecetera [etc.] minuciosamente descrito…
Senhoras e senhores: “Planeta Asiático – A re-volta!”
Não há volta a dar. A pessoa nasce portuguesa e acha que é portuguesa, até que um dia põe o corpo noutro clima e dá-se uma metamorfose, no meu caso, uma metaformosa. Depois de cinco anos a viver entre dois continentes, consigo finalmente perceber que sou portuguesa por hábito e asiática por habitat.
É conhecido este sentimento romanceado por África (eu senti isto, por sabão, em África) mas é na Ásia que eu dou folha, flor e fruto.
Vasco da Gama e colegas de (longo) curso abriram mais que o caminho marítimo: abriram um precedente cada vez mais praticado. As viagens são os neo-Descobrimentos e o melhor é que, desta vez, não é preciso ser-se condenado para embarcar. O mundo simpatiza com os nossos tetra-avós e não há nada como ser Português além-mar.
Não é, pois, de estranhar a minha re-volta sistemática ao meu jardim tropical asiático, onde a chuva chove à temperatura do chá e o sol sua o todo o ano. Este inverno, os territórios escolhidos são a Malásia, a Indonésia e os subúrbios que sobrarem. Planos mais concretos? Ainda não conhecem o meu slogan? “Se a Terra não é plana, para quê planear?”
E quanto custa parar de pagar aquecimento em Portugal, durante estes meses, pergunta o caro leitor, ceticamente enrolado ao cobertor. O nosso budget andará à volta de 50 euros por dia/casal, que ainda não viajamos como marajás mas também já não navegamos como marinheiros. Fica o aviso à tripulação: dá para ser feliz ali, por metade do preço, sobretudo com metade da idade. Mas dez anos de viagens já fazem de mim uma descobridora sénior, já mereço a cabine do capitão.
E agora que já expliquei o “onde”, o “quanto” e o “porquê”, têm quatro meses para conhecer o “quem”, que a Ásia que aqui lerem, dirá mais sobre mim que sobre ela. Ainda assim, desconfio que vou descobrir rapidamente que a Malásia não é má de todo e que a Indonésia devia ser Indonásia porque, mesmo indo, não se quer sair de cá. E querem apostar que hei de voltar? É coisa para deixar sequelas… das boas!
“Crónicas asiáticas” são impressões, detalhes e apontamentos de viagem da autora e viajante Mami Pereira. O ECO publica as melhores histórias da viagem à Ásia. Pode ir acompanhando todos os passos aqui e aqui. Leia ou releia também as “Crónicas africanas” e as “Crónicas indianas”.
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