Há cheques para bicicletas elétricas. Mas o que compram os 250 euros do Estado?

O Estado quer mais elétricos. Primeiro apoiou os carros, agora são as bicicletas. O ECO "foi às compras" para perceber que que paga o cheque de 250 euros.

O Governo quer promover o uso de veículos mais verdes. Como? Através de incentivos financeiros. Primeiro vieram os cheques para a compra de automóveis. Agora, aposta nas bicicletas. Cada contribuinte pode receber 250 euros para comprar duas rodas a pedais, mas com “motor” elétrico. Mas o que paga esse cheque?

O ECO “foi às compras” e, através dos catálogos de algumas lojas em Portugal e, também, de plataformas de comércio online, percebe-se que tal como acontece com os automóveis — o cheque é de 3.000 euros quando os veículos custam em torno dos 35 a 40 mil euros — os 250 euros dificilmente permitem comprar uma bicicleta inteira.

Convém dizer que o ECO apenas considerou na pesquisa realizada as bicicletas elétricas citadinas, uma vez que, de acordo com o secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade, José Gomes Mendes, em declarações à Antena 1, para receber este apoio, não se pode tratar de “uma bicicleta destinada ao desporto, do tipo montanha ou de suspensão integral”.

A exclusão destes modelos de bicicletas está em linha com a decisão de apoiar “apenas as bicicletas de utilização urbana e citadina, que são aquelas que se destinam, normalmente, a viagens mais frequentes”, explicou José Gomes Mendes.

Comecemos, então, pela Decathlon, onde os preços vão desde os 650 euros até aos 1.690 euros — descendo para 400 e 1.440 euros, respetivamente, considerando o apoio do Estado. A grande diferença está, sobretudo, na autonomia dos veículos. Se a primeira, a opção mais barata, tem uma autonomia que vai até aos 45 quilómetros, a segunda já consegue percorrer um total de 90 quilómetros. Uma diferença de 45 quilómetros que vale mais de mil euros na conta final.

De um extremo ao outro, existem alguns modelos com preços intermédios. É o caso da bicicleta dobrável de 790 euros. Ainda que a autonomia seja inferior à do modelo mais barato — uma vez que esta só tem uma capacidade de até 35 quilómetros — o facto de ser facilmente transportada também tem uma quota-parte na fatura.

Na Fnac, o catálogo é semelhante. A escala de preços é bastante ampla. Há bicicletas elétricas para todos os gostos e, também, para todas as carteiras. A opção mais barata custa 475,99 euros, o que significa que a ajuda do Estado cobriria mais de metade do preço — ficaria a 225,99 euros. A autonomia deste modelo não ultrapassa, contudo, os 25 quilómetros.

Na ordem dos 600 a 700 euros há várias opções em todas as lojas. Na Worten (sejam modelos comercializados pela empresa da Sonae ou por parceiros), por exemplo, estes modelos podem ser, ou não, dobráveis e têm uma autonomia a partir dos 25 quilómetros.

Até aqui, o vale do Executivo para a compra de bicicletas elétricas daria jeito — sem dúvida –, mas não chegaria para cobrir a quase totalidade da compra. Se procurarmos nas plataformas de comércio online, o montante a pagar pelo consumidor já seria, contudo, mais reduzido.

Na GearBest há opções que rondam os 300 euros. Pelas contas do ECO, este modelo da tecnológica chinesa Xiaomi, seria mesmo aquele em que o vale do Estado cobriria a maior parte do valor da bicicleta. Custa 329 euros, tem uma autonomia de 30 quilómetros e atinge uma velocidade de 25 quilómetros por hora.

Ainda na GearBest — com a mesma velocidade, mas com mais dez quilómetros de autonomia — aparece uma outra opção a 382 euros.

Portanto, vamos a contas. Do modelo mais caro, o da Decathlon que custa 1.690 euros, ao modelo mais barato, o da Xiaomi que custa 329 euros, e retirando o valor que o Governo comparticipa na compra, o contribuinte teria de pagar por um e por outro, respetivamente, 1.440 euros e 79 euros. Se, num caso, a bicicleta é quase um presente do Estado, no outro, o Governo paga muito pouco. Talvez o equivalente ao custo de uma roda.

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