Ex-candidatos à Associação Mutualista exigem saída imediata de Tomás Correia. E pedem intervenção do Governo e do regulador
"Se isto não é motivo para começarem a olhar para a AMMG, então o que será?", diz António Godinho. "O Governo tem um problema em mãos", considera Fernando Ribeiro Mendes.
António Godinho e Fernando Ribeiro Mendes, os dois candidatos que concorreram às últimas eleições para a Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG), exigem o afastamento imediato de Tomás Correia da administração da instituição, e pedem a intervenção imediata do regulador e do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. “Se isto não é motivo para começarem a olhar para a AMMG, então o que será?”, diz Godinho. “O Governo tem um problema em mãos”, considera Ribeiro Mendes.
Ambos reagem à condenação de Tomás Correia por parte do Banco de Portugal que Expresso e Público noticiaram esta quinta-feira. O semanário avança que o atual presidente da AMMG foi condenado ao pagamento de uma coima de 1,25 milhões de euros por ter cometido várias irregularidades entre 2009 e 2014, aquando da sua passagem pelo banco do Montepio. Outros ex-administradores foram também condenados, assim como o próprio banco.
“Acho impensável que alguém possa liderar uma instituição quando há este tipo de condenação do Banco de Portugal. É impensável”, afirma ao ECO António Godinho. “Algo vai ter de ser feito pelos reguladores, a tutela e a ASF (Autoridade de Supervisão dos Seguros e Fundos de Pensões) e, em última instância pelos associados, que foram iludidos nas últimas eleições”, acrescenta o candidato da Lista C nas eleições de dezembro, em que obteve 36% dos votos.
Fernando Ribeiro Mendes, da Lista B, também não tem dúvidas quanto ao próximo passo que tem de ser dado: “Ninguém pode estar no setor financeiro, a gerir milhares de milhões de euros de poupanças dos portugueses, quando não se reúne as condições de idoneidade. Tem de haver uma renúncia imediata de Tomás Correia para proteção da AMMG e seus associados. Não seria positivo ele continuar”.
"Ninguém pode estar no setor financeiro, a gerir milhares de milhões de euros de poupanças dos portugueses, quando não se reúne as condições de idoneidade.”
AMMG de novo no olho do furacão
A instituição e Tomás Correia tiveram um mês relativamente tranquilo em termos de exposição mediática negativa que vinha sendo dada nos meses anteriores, que coincidiu com o processo eleitoral mas também com alertas sobre a estabilidade financeira da própria AMMG. Mas agora com decisão do Banco de Portugal volta a pressão.
“Ao nível da opinião pública, vai afetar a confiança em torno da AMMG. Estava tudo mais contido durante janeiro, mas agora há um agravamento sistémico em torno da AMMG por causa de uma pessoa”, refere Ribeiro Mendes.
“Vai afetar a confiança na AMMG e também no seu banco. Esta administração não favorece a confiança dos associados nem do mercado na instituição”, nota António Godinho, voltando a fazer o apelo: “Tomás Correia devia proteger a AMMG, não expor a instituição às suas questões pessoais que sabemos que têm anos, afastando-se da administração”.
"Esta administração não favorece a confiança dos associados nem do mercado na instituição. Tomás Correia devia proteger a AMMG, não expor a instituição às suas questões pessoais que sabemos que têm anos.”
Críticas à nova lei da supervisão das mutualistas
Desde o passado setembro que as grandes mutualistas passaram para a alçada da supervisão financeira da ASF, com a AMMG a ficar na esfera do regulador ainda liderado por José Almaça, mas a transição para o novo regime de regulação (que terá o período de 12 anos) não tem sido tão clara como se esperava e trouxe “ambiguidade” em alguns aspetos, nomeadamente se há ou não avaliação da idoneidade dos gestores, consideram António Godinho e Fernando Ribeiro Mendes.
Em dezembro, a ASF adiantou que iria criar uma equipa para decidir como supervisionar as mutualistas, sugerindo que, embora já seja o seu supervisor, ainda não sabia como exercer as suas novas funções.
“Custa perceber este período de transição que foi dado para o regulador passar a regular a AMMG, criou-se uma ambiguidade que não se percebe, não sabe se há ou não processo de idoneidade para avaliar os gestores”, atira Godinho.
Já Ribeiro Mendes sublinha que o “Governo veio introduzir uma nota de ambiguidade com esta transição da supervisão para o regulador dos seguros, nomeadamente com as dúvidas em torno do processo de idoneidade”.
(Notícia atualizada às 11h13)
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