IGCP garante que o Estado tem almofada financeira robusta para o Brexit
A Presidente da agência que gere a dívida pública diz que o Estado tem uma almofada financeira robusta para se proteger do Brexit. Cristina Casalinho assegura haver dinheiro para meio ano.
A presidente do IGCP considera não haver necessidade de mexer plano de financiamento do organismo que lidera devido ao Brexit. Em entrevista ao Diário de Notícias/Dinheiro Vivo (acesso pago), neste sábado, Cristina Casalinho diz que o Estado tem uma almofada financeira suficientemente robusta para se proteger do Brexit, salientando que o Estado dispõe de dinheiro para meio ano.
“No caso português, não achámos que fosse necessário”, começa por dizer a presidente do IGCP quando questionada com uma eventual necessidade de antecipação de financiamento ou de aumento de financiamento para fazer face ao Brexit. “A almofada nestes meses é suficientemente robusta para não haver necessidade de uma aceleração do pré-financiamento”, explica, adiantando que a atual almofada financeira dá para “um bocadinho mais de seis meses”.
Relativamente ao risco que poderia advir de um eventual hard Brexit, Cristina Casalinho diz não saber se os mercados já o acomodaram. “Não se sabe. O que está previsto é que as emissões estejam asseguradas“, diz contudo. E explica: “Do universo de bancos que são os nossos distribuidores de dívida, dos 18 que Portugal tem, apenas seis serão afetados pelo Brexit. É verdade que são significativos. Dos seis, quatro fazem parte do top 10. Todos eles têm planos de contingência, entidades licenciadas no espaço europeu, portanto, todos eles asseguraram capacidade de proporcionar os serviços. O que acontece em termos europeus. Isto de alguma forma está assegurado”.
Já no que respeita à posição dos investidores que olha, cada vez mais para a dívida portuguesa, a presidente do IGCP refere que “não diria que é uma dívida de refúgio“, mas lembra que “a volatilidade da dívida portuguesa, o risco associado à dívida portuguesa, reduziu-se muito significativamente”.
“A partir do momento em que a notação de rating de Portugal foi melhorada pela S&P, em que recuperou o grau de investimento, houve uma capacidade dos investidores de adquirirem mais dívida pública, portanto, as limitações que existiam em relação à detenção da dívida pública, por não ser considerado um grau de investimento, foram eliminadas“, concretiza.
Neste âmbito explica que lembrando que Portugal passou a integrar alguns índices obrigacionistas de dívida europeia. “E hoje em dia a indústria é dominada por fundos de gestão passiva como os ETF e que têm carteiras indexadas com uma composição mimética de índices. Portanto, o universo de investidores aumentou”, conclui a esse propósito.
Questionada sobre a possibilidade de uma eventual melhoria do rating nacional nos próximos tempos, Cristina Casalinho mostra-se confiante. “É essa a nossa expectativa. A S&P tem uma perspetiva positiva para a dívida portuguesa e, na medida em que a alteração da perspetiva foi verificada no ano passado em setembro e eles têm um horizonte de 12 a 18 meses para atuar, acreditamos que todos os sinais têm sido no sentido de favorecer essa melhoria de rating“, diz.
Mas quanto à possibilidade de tal poder acontecer já na reavaliação da S&P a 15 de março, Cristina prefere ter uma posição cautelosa. “Não fazemos ideia. Há esta janela de 12 a 18 meses e o que verificamos é que muitas vezes a primeira oportunidade de alteração não é utilizada”.
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