China e Indonésia proíbem aviões iguais ao que caiu na Etiópia. Mercados castigam Boeing
A China e a Indonésia proibiram os voos com o Boeing 737 Max 8, depois do acidente que matou 157 pessoas na Etiópia. O modelo esteve envolvido em dois acidentes no espaço de cinco meses.
A Boeing está sob pressão máxima no rescaldo da queda de um avião na Etiópia, que vitimou 157 pessoas. Aquela que foi a segunda queda de um Boeing 737 Max 8 em cinco meses levou as autoridades chinesas a proibirem as companhias aéreas domésticas de voarem com a mais recente aeronave da gama 737 da fabricante norte-americana. A empresa deverá registar perdas significativas em bolsa, esta segunda-feira, quando abrir a sessão em Nova Iorque.
O regulador chinês da aviação civil considerou existirem semelhanças entre o voo 302, que caiu este domingo após a descolagem, e um outro acidente que ocorreu em outubro de 2018. Em causa esteve um Boeing 737 Max 8 da companhia Lion Air, que também caiu pouco depois de descolar. O acidente vitimou 189 pessoas.
A decisão na China segue-se à suspensão dos voos com este modelo de aeronave por parte da Ethiopian Airlines, a maior companhia aérea do continente africano, que operava o voo que resultou na morte de todos os passageiros e tripulação do avião este domingo. Além destas duas, também a Indonésia anunciou que os voos com este modelo serão proibidos já a partir de terça-feira, de acordo com a Bloomberg (acesso condicionado).
O acidente espoletou uma crise na Boeing, que se prepara para perdas significativas na bolsa de Nova Iorque já esta segunda-feira. Os futuros da fabricante norte-americana estão a cair 9,31% nas negociações antes da abertura das bolsas. É esperado que a desvalorização arraste o índice industrial Dow Jones para uma queda superior a 200 pontos, segundo o jornal Market Watch.
Para além da tragédia, pesa na equação o facto de a China ser o principal mercado do Boeing 737 Max 8, uma versão melhorada e recente do conhecido Boeing 737, amplamente operado por várias companhias aéreas europeias. Em simultâneo, a Boeing é uma das empresas norte-americanas mais sensíveis à guerra comercial entre EUA e China.
Segundo o The Wall Street Journal (acesso pago), as proibições surgiram mesmo antes de as autoridades terem encontrado a caixa negra do avião da Ethiopian Airlines, mas deverá pressionar o regulador dos EUA a uma reação. A caixa negra é o aparelho que regista todos os dados do voo e foi, entretanto, encontrada pelas equipas no local. Deverá dar novos detalhes sobre o que esteve na origem do acidente.
Das principais companhias aéreas que operam em Portugal, nenhuma tem nas suas frotas estes modelos de aeronaves. De acordo com a Bloomberg, a Ryanair não se inclui neste grupo e tem encomendados 135 Boeing 737 Max 8. Contactada pelo ECO, a companhia irlandesa recusou fazer comentários sobre o assunto.
Outro dos clientes é a United Airlines que, contactada pelo ECO, explicou ter na frota 14 Boeing 737 Max 9, mas não Boeing 737 Max 8. “Já deixámos claro que o Boeing 737 Max é seguro e os nossos pilotos são treinados de forma apropriada para os pilotar de forma segura”, afirmou a companhia aérea.
(Notícia atualizada às 13h07 com informação sobre a United Airlines)
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