CGD tem novo responsável pelo risco após saída de diretor para Macau
José Rui Gomes, ex-diretor de risco da Caixa, mudou-se para o BNU Macau. Novo responsável pelo risco de crédito tem 27 anos de casa e é um especialista na recuperação de empréstimos.
Paulo Macedo operou várias mudanças na direção de risco da Caixa Geral de Depósitos (CGD), departamento que tem estado no centro das atenções depois de a auditoria independente da EY ter relevado operações de crédito ruinosas e que não seguiram exatamente os pareceres dos técnicos daquele departamento.
A última alteração atingiu um quadro de topo do Departamento de Risco de Crédito: José Rui Gomes, que está no banco público há 19 anos, os últimos oito enquanto diretor de risco, mudou-se em fevereiro para outro continente, nomeadamente para o BNU Macau, liderado por Carlos Álvares.
José Rui Gomes aguardava luz verde das autoridades monetárias macaenses para poder iniciar funções do outro lado do mundo, tal como deu conta o ECO Insider (newsletter do ECO de acesso reservado a assinantes) há cerca de um mês. Já recebeu entretanto autorização e vai exercer as mesmas funções de gestão de risco de crédito no banco macaense da CGD.
Para o seu lugar vai entrar um homem que conhece bem os cantos à casa, tem uma experiência de quase três décadas anos ligada à banca e apresenta forte competência na recuperação de crédito, referiu ao ECO fonte oficial do banco, que não quis adiantar o nome do novo responsável. Mas o ECO sabe que o novo diretor de risco de crédito será Raúl de Almeida, que vem do departamento de recuperação de crédito.
Em 2017, ainda antes de a auditoria independente da EY estar terminada, Paulo Macedo dividiu o Departamento de Risco, criado em 2000 pelo professor Vasco d’Orey, em duas áreas macro: a Direção de Gestão de Risco (pelouro tutelado pelo administrador João Tudela Martins) e a Direção de Risco de Crédito (tutela de Carlos Albuquerque).
José Rui Gomes, que substituiu Vasco d’Orey em 2010 na liderança na Direção de Risco, veio a ficar como principal responsável pela Direção de Risco de Crédito quando foram introduzidas estas mudanças há dois anos. Já a Direção de Gestão de Risco é liderada por Nuno Rabaça Fonte.
A trabalhar na região outrora administrada por Portugal do outro lado do mundo, José Rui Gomes poderá ter de regressar em breve a Portugal. E isto porque os deputados da comissão parlamentar de inquérito querem ouvir o antigo diretor de risco para perceber o contexto em determinadas operações de crédito foram realizadas pelo banco do Estado. José Rui Gomes foi mesmo um dos responsáveis ouvidos pelos auditores da EY no âmbito da auditoria aos atos de gestão do banco público entre 2000 e 2015. O relatório final mostrou vários financiamentos ruinosos devido às perdas que geraram e nas quais o parecer de risco (que não tem poder vinculativo) não foi seguido à risca.
Em concreto, a EY identificou 13 grandes créditos que mereceram o parecer desfavorável da direção de risco sem que a administração tenha apresentado qualquer justificação para essa decisão. Geraram perdas de quase 50 milhões de euros. Por outro lado, nas operações de reestruturação de financiamentos que também mereceram chumbo do departamento de risco, mas que avançaram na mesma, o banco perdeu quase dez vezes mais, de 500 milhões.
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