Portugal renova mínimos históricos para emitir dívida a 10 anos
O Tesouro português colocou 1.250 milhões de euros em Obrigações a sete e 10 anos. Financiou-se à taxa mais baixa de sempre no prazo benchmark, numa altura em que a yield cai em mercado secundário.
O Tesouro português conseguiu os juros mais baixos de sempre para colocar dívida a dez anos. A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP emitiu, esta quarta-feira, um total de 1.250 milhões de euros (o montante máximo indicativo para o leilão), em Obrigações do Tesouro (OT) a sete e dez anos.
“Portugal emitiu dívida ao custo mais baixo de sempre, volta a emitir dívida de longo prazo com uma taxa inferior ao custo médio da sua dívida, e a valores bastante inferiores aos leilões anteriores”, afirmou Filipe Silva, diretor da gestão de ativos do Banco Carregosa, num comentário ao leilão de dívida.
No caso dos títulos com maturidade a 15 de junho de 2029, o IGCP emitiu 862 milhões de euros a uma taxa de juro de 1,298%, ou seja, um novo mínimo histórico. O valor caiu de forma expressiva face aos 1,568% que o Tesouro tinha conseguido no último leilão de dívida com o mesmo prazo, em fevereiro.
Já nas OT com maturidade em 21 de julho de 2026, o montante colocado foi de 388 milhões de euros, a uma taxa de juro de 0,763%. A última vez que o IGCP colocou dívida a sete anos aconteceu em 2017, numa altura em que os juros estavam (tanto em mercado primário como secundário) bastante acima dos atuais e em que pagou 3,668%.
O apetite dos investidores recuou, mas manteve-se acima do montante que o IGCP tinha para colocar. A procura por dívida a 10 anos superou a oferta em 1,6 vezes, em comparação com as 2,17 vezes do último leilão comparável. No caso das OT a sete anos, a procura foi 2,52 vezes superior à oferta.
BCE beneficia dívida portuguesa
Esta é a segunda vez este ano que o Tesouro procura captar financiamento de longo prazo com recurso a leilões. Este regresso aos mercados realiza-se numa altura em que a taxa de juro da dívida soberana nacional a dez anos tem renovado mínimos históricos em mercado secundário. Esta quarta-feira, a yield destes títulos negoceia nos 1,34%, após já ter tocado 1,32%. Em simultâneo, tem caído também o diferencial dos juros face aos de Espanha e da Alemanha.
“A tendência de baixa tem sido uma constante nos últimos meses. O IGCP e o Estado português estão a tirar partido do abrandamento económico que se refletiu novamente numa política monetária expansionista do Banco Central Europeu (BCE) no passado dia 7 de março”, acrescentou Filipe Silva.
Na última semana a tendência generalizada de quebra nos juros das dívidas soberanas da zona euro foi acentuada por uma fuga dos investidores de ações para a obrigações causada pela certeza que a política monetária do BCE irá manter-se acomodatícia nos próximos meses. A instituição liderada por Mario Draghi anunciou que as taxas de juro de referência deverão manter-se em mínimos históricos, pelo menos, até ao final do ano devido à desaceleração do crescimento económico.
Além disso, Portugal tem beneficiado nos últimos dois anos do reforço da confiança das agências de rating. Esta sexta-feira, a dívida de Portugal voltará a ser avaliada pela Standard and Poor’s, que alertou recentemente para a vulnerabilidade de Portugal no caso de uma nova crise.
(Notícia atualizada às 11h35)
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