Da recolha de roupa aos cheques solidários, empresas portuguesas querem ajudar Moçambique
Perante a tragédia, com o objetivo de ajudar as comunidades moçambicanas, empresas e organizações portuguesas, como a Galp, CTT, ou a Fundação Calouste Gulbenkian, lançaram campanhas solidárias.
As empresas portuguesas não ficaram indiferentes à passagem do ciclone Idai, que atingiu o sudeste africano, afetando Moçambique, o Maláui e o Zimbabué. Contabilizam-se já 400 mortos, mas o número pode ainda, segundo as autoridades, ser superior. Neste momento, cerca de 350 mil pessoas “estão em situação de risco” e há uma área com extensão de 100 quilómetros completamente inundada. A Cruz Vermelha Internacional estima que pelo menos 400.000 pessoas estão desalojadas na Beira, naquela que é já considerada a “pior crise” do género em Moçambique.
Perante a tragédia, e com o objetivo de ajudar as comunidades moçambicanas afetadas, algumas organizações portuguesas, como a Galp, os CTT ou a Mota-Engil, já começaram a realizar campanhas de recolha de donativos entre os portugueses. Pedem roupa, produtos de higiene e alimentos, sobretudo.
Além disso, dentro das próprias organizações, também estão a ser mobilizados esforços. A Mota-Engil vai ajudar com quase um milhão de euros, enquanto a Galp e o setor bancário também preparam os cheques solidários.
Das roupas aos produtos de higiene, há várias formas de ajudar
Os CTT, em parceria com os Correios de Moçambique, estão a preparar uma ação de recolha de roupas, uma das principais necessidades no país, para enviar com destino a Moçambique. Para contribuir, “basta chegar a uma das 538 lojas CTT espalhadas por todo o país, pedir uma embalagem solidária, colocar o donativo e o envio será realizado de forma gratuita”, explica a empresa liderada por Francisco de Lacerda em comunicado.
Participar nesta recolha de donativos é, de acordo com os CTT, muito “ágil”, graças à proximidade da rede de lojas às populações portuguesas. A campanha arranca já na próxima segunda-feira, dia 25 de março, nas lojas CTT, e decorre até ao dia 8 de abril.
Já a Federação Internacional da Cruz Vermelha Portuguesa, em conjunto com a Cruz Vermelha Moçambicana, emitiu na quarta-feira um apelo com vista à angariação de mais de oito milhões de euros, que pode ser feita através do site da organização portuguesa. Até agora, já foram angariados mais de 25 mil euros.
Em breve, a Cruz Vermelha Portuguesa vai também enviar cinco toneladas de alimentos e produtos de higiene, que já foram recolhidas. Mas, quem ainda quer ajudar com alimentos pode fazê-lo através da Fundação Benfica, que vai estar a recolher, nas Casas do Benfica espalhadas pelo país até ao dia 31 de março. O Estádio da Luz também vai aceitar donativos de alimentos, mas apenas entre os próximos dias 27 e 31 de março.
Cheques solidários de milhares de euros a caminho
Outra forma de auxílio é através do envio de dinheiro. Para a aquisição de medicamentos e outros consumíveis na área da saúde, a Fundação Calouste Gulbenkian vai doar 100 mil euros. “De modo a ajudar a minimizar o impacto da destruição causada junto das populações, o conselho de administração da Fundação Calouste Gulbenkian decidiu, na reunião de hoje [quinta-feira], doar 100 mil euros”, refere a fundação em comunicado.
Já a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa espera entregar aos Moçambicanos cerca de meio milhão de euros. “A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa vai avançar com um apoio de 500 mil euros para ajudar o povo moçambicano nesta hora tão difícil”, afirma forte oficial do organismo, que diz ainda estar a “trabalhar com a Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas e com a Embaixada de Portugal em Moçambique a melhor forma de efetivar essa ajuda financeira”.
Uma medida que é seguida por outras empresas portuguesas, como a Galp e a Mota-Engil. A petrolífera vai disponibilizar bens de emergência no valor de 150 mil euros, ao mesmo tempo que está a tentar restabelecer a normalidade das operações nos postos de abastecimento das zonas afetadas, uma vez que a disponibilidade de combustível é fundamental para o sucesso das operações de socorro e de reconstrução.
Já a construtora Mota-Engil está a apoiar o Governo moçambicano com um milhão de dólares (o equivalente a quase 900 mil euros) em obras de recuperação de estradas e pontos. “As obras que estamos a realizar, no valor de cerca de um milhão de dólares, são custos assumidos por nós”, disse Manuel Mota, administrador executivo da empresa, à Lusa. Como o grupo Mota-Engil tem estaleiros em Mocuba, na província da Zambézia, deslocou a partir dali os meios humanos, máquinas e equipamento necessários à recuperação de vias rodoviárias na província de Sofala.
O setor da banca também está a preparar o envio de ajuda. A Caixa Geral de Depósitos e o BCP vão juntar-se à Fidelidade, à Cruz Vermelha e à UNICEF para concretizarem o envio conjunto de 150 mil euros, sendo que cada uma das três primeiras vai disponibilizar 50 mil euros. As instituições apelam ainda à contribuição dos portugueses, disponibilizando para isso duas contas bancárias solidárias:
- Conta da Cruz Vermelha Portuguesa na Caixa Geral de Depósitos
IBAN PT50 0035 0027 0008 2402 2305 3 - Conta da UNICEF Portugal no Millennium bcp
IBAN PT50 0033 0000 5013 1901 2290 5 - MB WAY: 919 919 939
Recorde-se que o primeiro avião com ajuda portuguesa aterrou em Moçambique esta quinta-feira, transportando fuzileiros e barcos que vão ajudar as autoridades locais nas operações de busca e salvamento. Além deste, o Governo despachou também outra aeronave C-130 Hercules com agentes da Proteção Civil.
(Notícia atualizada dia 22.03.2019 às 11:20 com informação sobre apoio da SCML)
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