“Portugal melhorou significativamente a sua posição em termos económicos”, diz Lagarde
Para a diretora do FMI, a prioridade de Portugal deve ser "manter o rumo" que tem seguido, "que é fenomenalmente importante".
“Portugal melhorou significativamente a sua posição em termos económicos.” Quem o diz é a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI) que, em entrevista à RTP esta quinta-feira, enumerou os passos dados pelo país para sair da crise. “Portugal tem de manter este rumo”, afirmou Christine Lagarde.
“A dívida de Portugal, que começou agora a diminuir, ainda é muito elevada, mas desloca-se agora na direção contrária — não a subir, mas a descer. O défice orçamental foi significativamente reduzido. O setor bancário está mais forte do que estava. Em todos esses critérios, Portugal tem um desempenho muito melhor. E os mercados vêem isso“, afirmou a diretora do FMI.
Quando questionada sobre as prioridades que o país deve adotar, Lagarde não hesitou em responder que, “primeiro, Portugal tem de manter este rumo”. “[Portugal] mostrou ao mundo e aos mercados financeiros que era capaz de fazer reformas, de aplicar disciplina orçamental, de dar a volta à posição da sua dívida — para baixo e não para cima — e penso que essas reformas foram iniciadas, mas devem continuar nesse caminho, nesse mesmo rumo, que é fenomenalmente importante“.
O país deve agora “demonstrar que é capaz de se reformar e disciplinar a longo prazo, sem relaxar ou aproveitar os seus louros e pensar que o mais difícil está feito. Deverá manter a atual atitude e para melhor, mas não como era antes”, diz.
Mas se, na pior das hipóteses, Portugal voltar a precisar da ajuda do FMI, essa assistência chegará novamente. “Nós [FMI] estamos a postos para continuar a ajudar qualquer membro que nos peça ajuda. Portugal é um membro muito antigo da instituição. E sim, o FMI ajudará se Portugal nos pedir, mas penso que estão num ponto em que deverão ter força suficiente e proteções suficientes para resistir ao próximo choque”, disse Lagarde.
Sistema bancário “melhorou significativamente”
“Comparando com há seis, sete anos, [o sistema bancário português] melhorou fortemente”, afirmou a diretora do FMI, recordando “discussões muito difíceis” com o Governador do Banco Central Europeu (BCE), com o ministro das Finanças e também com bancários. “Melhorou significativamente, mas ainda não está num ponto de total segurança, com excelentes mecanismos de proteção como poderia estar. Penso que o trabalho de limpeza, de remoção de créditos malparados e de tornar os bancos absolutamente seguros tem de continuar.”
Existe algum outro modo de resolver os problemas do sistema bancário sem o dinheiro dos contribuintes? “Há diferentes formas de resolver esse problema”, respondeu a diretora do FMI. “Primeiro, os clientes dos bancos têm o benefício de uma garantia. No que lhes diz respeito, existe o elemento da rede de segurança. Isso é bom e deve continuar. Mas, no que diz respeito à resolução dos bancos, existe um mecanismo europeu que foi agora adotado e que está implementado, que se aplica, acima de tudo, às instituições sistémicas, mas que também se aplicará ao longo do tempo a todos os bancos“.
O FMI tem definido um progresso que espera que vá “completar a união bancária”. “É esse mecanismo de garantia que estará implementado e que irá cobrir todos os bancos na Europa, que será financiado coletivamente pelos próprios bancos e que evitará que sejam os contribuintes a pagarem a despesa”.
(Notícia atualizada às 22h01 com mais informação)
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