“Uber indonésia” vale mais de 10 mil milhões e quer conquistar a Ásia
Hoje realiza mais de 100 milhões de transações por mês, com serviços de transporte, pagamentos, logística e massagens ou carregamentos de telefones pré-pagos.
Andreas Erwanda está feliz. Às 20h15 já conduziu 21 passageiros, número mágico que dá o incentivo mais elevado aos motoristas da GoJek, startup indonésia de transporte que vale 10 mil milhões de dólares.
“São dias longos e costumo fazer 14 ou 16 horas por dia. Mas o dinheiro é bom”, explica à Lusa, enquanto se tenta movimentar mais uns metros no caótico trânsito de Jacarta, a capital indonésia que nunca para e onde vivem mais de 30 milhões de habitantes.
Chegar aos 21 pontos – um por cada passageiro – no período de 24 horas dá direito a receber da GoJek 400 mil rupias (28 dólares ou 25 euros). Ganha num dia 10% do salário mínimo do país, que ronda atualmente quatro milhões de rupias (252 euros).
Os incentivos aos mais de um milhão de motoristas com que opera na Indonésia são um dos principais motivos por que todos os dias se candidatam mais trabalhadores, que com mota ou carro se querem unir à revolução que foi a GoJek. Em Singapura, por exemplo, onde a empresa começou a funcionar no final do ano passado, os incentivos permitem que um motorista no nível máximo, com 150 viagens por semana, consiga ganhar mais de 6.000 dólares de Singapura por mês (3.900 euros).
“Jacarta não para. Temos é de saber que zona está a dar mais a cada hora”, refere.
A GoJek, que começou como uma simples app para transporte, cresceu de tal forma que este mês, e segundo a empresa de análise norte-americana CB, se tornou na primeira “decacorn” da Indonésia.
“Decacorn” é um termo criado pela agência de notícias Bloomberg, e que se tornou jargão, para definir empresas privadas com um valor superior a 10 mil milhões de dólares. O termo foi criado na sequência da aplicação do termo unicórnio para empresas com um valor de mais de mil milhões de dólares.
Sem querer comentar o anúncio da CB, Nila Marita, responsável de assuntos corporativos da GoJek, disse que a valoração do mercado “reflete a confiança que os investidores têm na capacidade de crescimento” da empresa. E, ainda que no futuro possa haver uma oferta pública, para já a empresa prefere lidar diretamente com investimentos.
Nos primeiros dias mal tinha carros, que disponibilizava num sistema ainda rudimentar. Hoje realiza mais de 100 milhões de transações por mês, com serviços de transporte, pagamentos, logística e massagens ou carregamentos de telefones pré-pagos.
Só no ramo da distribuição de comida tem mais de 300 mil restaurantes e lojas na lista de parceiros, o que tornou a GoJek a maior empresa de entrega de comida do sudeste asiático, com serviços já a funcionar, além da Indonésia, no Vietname e Singapura e, em breve, na Tailândia.
O modelo de negócio implica mesmo uma ligação com a principal rede de táxis do país, o grupo Bluebird, que podem ser chamados diretamente pela mesma app e que podem até responder a pedidos de clientes feitos pela ‘app’ para um carro normal (mais barato que o táxi).
O grande combate é hoje entre a GoJek e a sua rival de Singapura, a Grab, que recentemente conseguiu investimento de 1,5 mil milhões do Vision Fund do SoftBank Group, com o qual quer expandir os seus serviços na região.
A GoJek, por seu lado, conseguiu mais de mil milhões de dólares de investimento nos últimos anos de vários investidores, incluindo a Good, a JD.com e a Tencent Holdings. O diretor executivo da GoJek, Nadiem Makarim, e o fundador da Grab, Anthony Tan, foram colegas na Harvard Business School.
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