Riscos associados ao refinanciamento de dívidas elevadas não desapareceu, diz Vítor Gaspar
O antigo ministro das Finanças alerta para o nível elevado da dívida pública nas economias avançadas e lembra que as condições de financiamento podem mudar abruptamente.
Os riscos associados ao refinanciamento de elevados níveis de dívida pública não desapareceram e os ministros das Finanças destas economias devem ter essa consciência, alertou esta quarta-feira Vítor Gaspar, diretor do Departamento de Assuntos Orçamentais do Fundo Monetário Orçamental (FMI) e antigo ministro das Finanças do Governo de Pedro Passos Coelho.
Durante a apresentação do Fiscal Monitor, a principal publicação do departamento que lidera, Vítor Gaspar foi confrontado com a opinião de Olivier Blanchard, antigo economista-chefe do FMI, de que era necessária uma nova forma de olhar para a política orçamental.
Questionado se o FMI não deveria também atualizar o seu pensamento, depois de publicar mais uma vez avisos muito semelhantes aos que tem vindo a fazer relativamente à dívida e à forma como usar a margem orçamental disponível, Vítor Gaspar sublinhou que os problemas se mantêm, e como tal é necessário que os países estejam alerta para estes mesmos riscos.
“Relativamente à substância, eu tentei chamar à atenção de todos durante a minha apresentação que as economias avançadas estão em níveis perto do máximo histórico em tempos de paz. (…) Os riscos associados ao refinanciamento de elevados níveis de dívida publica não desapareceram. Esses são os riscos que identificamos no Fiscal Monitor e que os ministros das Finanças são aconselhados a ter em conta”, disse o antigo ministro das Finanças português.
Vítor Gaspar disse ainda que é necessário perceber quais serão as implicações das baixas taxas de juro e quanto tempo estas podem permanecer nos níveis atuais, e lembrou que “as condições de financiamento são voláteis e podem mudar de forma abrupta”.
O responsável português do FMI explicou ainda que a recomendação geral de que os países com margem orçamental a usem para promover o crescimento tem de ser adaptada às circunstâncias de cada uma das economias.
“A situação específica de cada país é crucial para determinar o caminho. Para a maior parte dos países, colocar as suas contas públicas em ordem significa prepararem-se para a próxima crise”, disse.
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