Mário Centeno diz que “verdadeira convergência” com Zona Euro vê-se na taxa juro
Ministro recusou ter um discurso para consumo interno e outro para externo e realçou que em ano eleitoral é preciso assegurar que "não se tomam decisões que condicionem quem vem a seguir".
O ministro das Finanças, Mário Centeno, considera que a convergência (ou divergência) entre Portugal e a Zona Euro é sobretudo uma questão de copo meio cheio ou meio vazio. Se os críticos realçam que as economias de riqueza similar à portuguesa estão a crescer quase o dobro, o governante aponta que Portugal, face a esses mesmos países, está a reduzir o desemprego e a dívida de forma mais significativa.
“Dentro desses países, Portugal reduz o desemprego de forma mais significativa e o endividamento também. A economia portuguesa chegou mais tarde a este ciclo de crescimento que esses países, que têm menos dívida e uma consolidação das contas feita antes da nossa”, referiu em entrevista à TVI, esta segunda-feira. Mas não é só no desemprego ou no ritmo de redução da dívida que Portugal compara positivamente com o conjunto de países comparáveis.
“É muito importante termos noção que Portugal paga hoje muito menos pela dívida do que há três anos e muito menos em comparação com outros países. A diferença nas taxas de juro reduziu-se muito significativamente e esse é o verdadeiro sucesso da convergência, o que mostra mais claramente esse sucesso“, explicou. Para Centeno, “sem este trajeto estaríamos a pagar mais juros e o regresso à normalidade na administração pública portuguesa seria feita de forma mais lenta”.
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Questionado sobre o crescimento estimado na despesa pública para os próximos anos, o ministro da Finanças referiu que as projeções que surgem no Programa de Estabilidade são “muito cautelosas”, especialmente nas que dizem respeito à despesa. Mas explicou que as exigências têm preços. “Não podemos querer serviços de saúde e educação de melhor qualidade e não querer gastar mais nesses serviços”, explicou.
"Sem este trajeto estaríamos a pagar mais juros e o regresso à normalidade na administração pública portuguesa seria feita de forma mais lenta.”
Aproveitando a “cautela” associada a este programa de estabilidade, Mário Centeno também deixou o alerta que apesar de o país atravessar um ano de eleições, é preciso não serem tomadas decisões que condicionem o futuro. “Temos de garantir que não tomamos decisões que condicionem significativamente quem vem a seguir”, disse, já a propósito das diferenças que o programa de estabilidade poderá vir a ter face ao programa eleitoral do Partido Socialista.
No final da entrevista à TVI, o governante ainda abordou as críticas de quem apontou que tem um discurso para consumo interno — já não há austeridade — e outro para consumo externo — economia portuguesa ainda está em austeridade — para garantir que o seu discurso é “exatamente o mesmo”, tanto para fora como para dentro do país. Apontou todavia que na recente entrevista a um meio internacional, houve “uma interpretação livre do que o ministro das Finanças disse”.
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