Comércio apoia Bispo do Porto no fecho dos supermercados ao domingo. Distribuição mantém apoio à liberalização

O Bispo do Porto voltou a reacender a discussão sobre o fecho dos supermercados ao domingo. Ao ECO, a CCP diz que tal não implicaria uma quebra do consumo e até promoveria as atividades turísticas.

O Bispo do Porto aproveitou a missa de Páscoa para apelar ao fim do trabalho ao domingo nos supermercados e centros comerciais, uma ideia que a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) diz apoiar. Em declarações ao ECO, João Vieira Lopes sublinha que tal encerramento não implicaria uma “quebra económica”, já que os clientes ajustariam os seus hábitos de consumo.

Do lado da distribuição, a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) salienta, por sua vez, que a atual abertura destes estabelecimentos ao domingo “procura responder a uma dinâmica social que tem como base a proximidade, a conveniência e a diversidade de oferta indo ao encontro das expectativas dos consumidores”.

Durante a homília deste domingo, D. Manuel Linda defendeu que a abertura dos supermercados e dos centros comerciais no dia referido é uma “expressão de um certo subdesenvolvimento humano e mesmo económico”. “Os países mais ricos não abrem supermercados ao domingo”, frisou o Bispo, considerando que há “um novo esclavagismo laboral” que prejudica a vida familiar.

Em reação a estas declarações, o dirigente da CCP reforça que esta não é uma questão nova. “Historicamente, a CCP sempre teve muitas reticências quanto às aberturas ao domingo”, enfatiza João Vieira Lopes, em conversa com ECO. Na opinião do responsável, o encerramento dos estabelecimentos nessas ocasiões implicaria um ajustamento dos hábitos de compra, que não resultaria numa quebra económica. “Globalmente, o consumo ia ser o mesmo”, afirma o líder da CCP.

João Vieira Lopes explica ainda que a abertura ao domingo faz com que as cadeias com maior expansão tenham maior capacidade de venda que a concorrência. Daí que seguir a ideia colocada novamente em discussão pelo Bispo do Porto possibilitaria até “reequilibrar” a dinâmica entre as grandes cadeias e os estabelecimentos mais pequenos.

Além disso, Vieira Lopes salienta que o encerramento dos supermercados ao domingo promoveria a adesão a algumas atividades lúdicas e turísticas.

Por outro lado, a APED declara ao ECO que a abertura dos estabelecimentos ao domingo é uma resposta à “dinâmica social que tem como base a proximidade, a conveniência e a diversidade de oferta”. “A liberalização dos horários é uma questão que importa a todos os setores de atividade económica, não sendo um exclusivo da distribuição. Procura responder a uma dinâmica social que tem como base a proximidade, a conveniência e a diversidade de oferta indo ao encontro das expectativas dos consumidores”, explica a associação, referindo que “respeita todas as opiniões sobre o tema”.

Contactada pelo ECO, a dona do Pingo Doce remeteu qualquer comentário para a APED. Recorde-se que, na Polónia, a Jerónimo Martins é obrigada a encerrar quase todos os domingos. “De acordo com a lei em vigor, em 2019, só será permitida a abertura no último domingo de cada mês e, em 2020, a proibição será alargada a todos os domingos, com algumas exceções contempladas, como antes do Natal e da Páscoa”, explicou a empresa, no seu Relatório e Contas, referindo à legislação polaca que entrou em vigor em março do ano passado.

Esta limitação levou a Biedronka (a cadeia de supermercados polaca da Jerónimo Martins) a concentrar-se, no último ano, “em garantir a máxima transferência de vendas dos domingos encerrados para outros dias da semana, protegendo em simultâneo a eficiência das operações de loja e dos armazéns”. Apesar desses esforços, a Jerónimo Martins nota: “O volume de negócios dos domingos encerrados não foi totalmente transferido para os outros dias da semana, causando alguma pressão nas insígnias de retalho na tentativa de compensar os dias de encerramento”

No que respeita às vendas, “o encerramento de 21 domingos teve um impacto estimado em cerca de 1,3 pontos percentuais no crescimento Like For Like do ano”. Por outro lado, a limitação imposta pelas novas regras polacas resultou numa nova tendência que “tem sido o crescimento nos postos de combustível de lojas de conveniência, já que estes beneficiam de isenção na inibição dos encerramentos ao domingo”.

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