A hora de Cláudia. Uma transição que a Sonae prepara há dois anos

Doze anos depois de Paulo suceder a Belmiro, chegou a hora de Cláudia suceder a Paulo. O grupo prepara a transição há dois anos e nova CEO esteve seis meses liberta de funções a preparar novo cargo.

Os acionistas da Sonae SGPS elegem esta terça-feira o novo conselho de administração do grupo, momento que marcará a segunda transição de liderança em 12 anos. Em 2007, Paulo sucedeu a Belmiro. Em 2019, Cláudia sucede a Paulo. E a transição que agora se concretiza, apesar de aprovada apenas em julho do ano passado, foi sendo preparada ao longo dos últimos dois anos, num esforço que movimentou quase todos os conselhos de administração das empresas do grupo.

Não sendo alheios a transições na liderança executiva, o grupo apostou num longo processo de preparação de Cláudia Azevedo, mas também do próprio grupo e das suas dezenas de ramificações. “Os últimos dois anos também foram intensos no desenvolvimento e planeamento da sucessão na gestão em todos os níveis, incluindo a minha substituição e a do Ângelo Paupério nas nossas funções executivas”, explica Paulo Azevedo.

Neste processo preparatório, também foi dada toda a margem a Cláudia Azevedo para se preparar para a liderança, com a Sonae a movimentar-se para dar meio ano de ‘folga’ à gestora das funções que exercia, ‘folga’ que lhe permitiu dedicar toda a atenção nas responsabilidades que assume a partir de agora.

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“O esforço desenvolvido pelo Ângelo e por mim na preparação da sucessão, juntamente com o esforço do Conselho de Administração na elaboração da recomendação para a nova CEO e para a composição do Conselho, foi minucioso e oportuno, permitindo um período de 6 meses para a transição com a Cláudia Azevedo, liberta das suas funções anteriores e preparando-se para a sua nova função“, revela o co-CEO da Sonae, na mensagem deixada a “colegas, acionistas e parceiros”, no relatório e contas relativo ao exercício de 2018.

Tendo herdado o cargo de CEO da Sonae em 2007 e partilhando-o com Ângelo Paupério, Paulo Azevedo conhece como ninguém a transição por que Cláudia Azevedo passará agora. Talvez por isso os cuidados na preparação da nova transição. E talvez por isso aquele que será a partir de agora “apenas” Chairman da Sonae assegura que fará “o melhor possível para criar as condições necessárias para que Cláudia e as equipas executivas tenham sucesso na sua difícil tarefa de atender aos exigentes objetivos de valor económico e social que sempre impusemos a nós mesmos”.

Porque Paulo sabe o que se vai exigir de Cláudia: que concretize objetivos que “exigem um elevado grau de conhecimento e empenho do Conselho e dos acionistas e uma forte parceria sustentada por um elevado nível de confiança na administração”. E nestes objetivos estão números, crescimento e levar o grupo a enveredar por novos caminhos, longe de óbvios.

O que aí vem

“Estas coisas das mudanças de liderança fazem-se porque faz sentido e porque esperamos que as novas lideranças façam mais e melhor”, explicou Paulo Azevedo, já na última apresentação de resultados em que deu a cara como Co-CEO da Sonae.

Tal como nos anos em que liderou a Sonae, Paulo Azevedo não estava sozinho a apresentar as contas. A seu lado tinha Ângelo Paupério, que partilhou a cadeira de CEO da Sonae com o filho de Belmiro de Azevedo. E se Paulo deixou o desejo de ver a Sonae a fazer mais e melhor, Ângelo explicou porquê: “Estamos muito bem preparados para continuar o nosso caminho, sentimos que os nossos negócios têm equipas preparadas para prosseguir este caminho, o balanço é forte e a capacidade do grupo para os apoiar é grande”.

Por tudo isto, sublinhou esperar “um futuro, liderado por Cláudia Azevedo, cheio de sucesso”.

Mas a nova CEO da Sonae não herda só uma empresa em posição de crescer, mas também uma empresa que precisa de crescer. O grupo tem hoje um portfolio alargado, é certo, mas também demasiado concentrado, pois apesar das dezenas de ramificações — retalho alimentar, saúde e bem-estar, desporto, eletrónica, imobiliário, serviços financeiros, centros comerciais, telecomunicações ou tecnologias emergentes –, as contas da empresa continuam a depender em dois terços da Sonae MC.

Ponderar, decidir e executar a estratégia para aumentar o peso dos negócios não-alimentar, melhorando a rentabilidade dos mesmos, será assim um dos grandes desafios que a nova CEO enfrentará neste seu primeiro mandato à frente da Sonae. O outro grande desafio reside no core da Sonae, ou seja, o ramo alimentar: por um lado, o segmento vai enfrentar concorrência reforçada com a entrada da Mercadona em Portugal, e, por outro, a Sonae não concretizou o objetivo de dispersar parte do capital da Sonae MC. O que fazer? Como? E quando? São perguntas a que caberá agora a Cláudia responder.

As outras mudanças

A subida de Cláudia Azevedo a CEO da Sonae não é a única alteração no grupo que hoje se concretiza. Ângelo Paupério e Carlos Moreira da Silva vão transitar para a administração da Efanor, sendo a primeira vez que nomes fora da família Azevedo assumem lugar na administração da holding pessoal da família.

E além de Cláudia Azevedo a CEO e Paulo Azevedo a Chairman, a gestão da Sonae será agora composta por nomes como José Neves Adelino, Marcelo Faria de Lima e Margaret Lorraine Trainer, que já marcam presença no conselho. Já Fuencisla Clemares, ex-responsável ibérica da Google, é um dos novos nomes a entrar na administração, bem como o de Philippe Cyriel Elodie Haspeslagh.

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