“Divórcio milionário” em risco na Bragaparques
Domingos Névoa e Manuel Rodrigues estão a negociar um 'divórcio milionário' que deveria ter a sua conclusão no final da semana, mas tudo indica que os prazos vão ser furados (outra vez).
Afinal, o ‘divórcio milionário’ entre os empresários e sócios Domingos Névoa e Manuel Rodrigues está em risco, pelo menos nos termos em que estava definido, apurou o ECO junto de fontes que estão envolvidas no negócio. Depois de meses de negociações e de um acordo que previa que Manuel Rodrigues comprasse a Névoa os 50% do capital da Bragaparques, por 105 milhões de euros, ultrapassaram-se os calendários e o ‘divórcio’ poderá concretizar-se, mas com os sócios em lugares opostos.
De acordo com informações recolhidas pelo ECO, Manuel Rodrigues teria até ao dia 17 para fazer o pagamento a Domingos Névoa, mas já terá comunicado que não tem condições para o fazer neste calendário e terá pedido mais tempo, alegadamente por não estarem ainda reunidas as condições financeiras para suportar a operação. Ora, segundo as mesmas fontes, se o negócio não for fechado até sexta-feira, passa a ser Névoa a poder comprar a posição de 50% de Manuel Rodrigues na Bragaparques. Com uma ‘pequena’ diferença de preço. É que Névoa tinha oferecido “apenas” 65 milhões de euros a Manuel Rodrigues e agora, se este não aproveitar a janela para fechar o negócio, o direito de execução desta operação – conhecida nos mercados financeiros como ‘shot gun’ – passa para Névoa.
Manuel Rodrigues teria assegurado o financiamento do Novo Banco para fazer a operação e, posteriormente, o Haitong Bank entraria no negócio, juntamente com a sociedade Novo Banco Fundos (NB Fundos), para comprar 50% da sociedade, o que permitiria, na prática, financiar também a operação. Oficialmente, nenhuma das partes faz comentários, mas um facto é que Rodrigues comunicou a Névoa que não poderá fechar o negócio até sexta-feira.
Durante meses, o processo arrastou-se por causa de uma participação da Bragaparques na sociedade Aquapor. Qual é o problema? A Bragaparques tem uma participação de cerca de 30% no capital daquela operadora de água e, no âmbito do acordo, haveria uma cisão na empresa concessionária de parques de estacionamento para a Aquapor ficar do lado de Domingos Névoa, só que um terceiro acionista travou a operação. O grupo construtor e de engenharia de Braga, a DST, exigia direito de preferência e bloqueou o processo em tribunal. Depois de meses de discussões, houve um acordo com a DST, o que levou o seu presidente, José Teixeira, a abdicar desse direito e a viabilizar, na prática, o “divórcio empresarial” na Bragaparques. Ora, quando este processo ficou concluído, esperava-se que o acordo fosse fechado, o que não sucedeu até agora.
Quais são as contas implícitas no negócio que (ainda) está em cima da mesa: Segundo apurou o ECO, o empresário Manuel Rodrigues compraria 50% por 105 milhões de euros, ficando a controlar 100% da sociedade, e em seguida revenderia uma participação ao Haitong Capital e NB Fundos, por um valor na ordem dos 22 milhões de euros, que corresponderá a 50% da sociedade já com a dívida incluída. Porquê a diferença de valor? Esta operação, claro, tem um impacto no nível de endividamento da sociedade, porque a Bragaparques têm um nível de dívida da ordem dos 15 milhões de euros, segundo apurou o ECO, mas Manuel Rodrigues vai passar o financiamento desta operação para a própria Bragaparques. Resultado, o Enterprise Value da companhia vai aumentar num valor que poderá ascender a 100 milhões de euros, correspondente à soma do equity value (ações), da ordem dos 45 milhões de euros, mais o ‘novo’ endividamento.
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