Banca portuguesa “está claramente a ir em boa direção”, diz Horta Osório
Para o CEO do Lloyds Bank, os bancos portugueses "estão a apresentar resultados positivos", mas não devemos ser "complacentes" porque ainda há muito para recuperar.
Para António Horta Osório, os bancos nacionais “estão a apresentar resultados positivos” e estão “no bom caminho”. Contudo, o CEO do Lloyds Bank reconhece que o país “não pode ser complacente” porque ainda há muito para fazer e, essencialmente, para recuperar.
“O setor bancário está, claramente, a ir em boa direção. Temos que ter em conta que em muito contribuiu a capitalização que fizeram na Caixa Geral de Depósitos. Isso não contribuiu só para a estabilização da CGD, mas também de todo o sistema“, começou por dizer o banqueiro, em declarações durante a conferência “Exportações e Investimento” da AICEP, que decorre esta sexta-feira na Nova School of Business and Economics, em Carcavelos.
Os níveis de crédito malparado são um dos três principais problemas apontados por Horta Osório na economia portuguesa. “Ainda há muito para fazer”, continuou, referindo que este estava em cerca de 15% e, neste momento, está em cerca de 10%. “Tem vindo a ser reduzido. Há que continuar. Continua a ser um valor bastante elevado, mas há que continuar a reduzi-lo”.
Questionado sobre se os bancos não estarão a adotar os comportamentos que, há anos, nos levaram à crise económica, o banqueiro mostrou-se confiante. “O setor bancário está realmente a ir no bom caminho, têm de se ver as coisas no seu conjunto: e aí as famílias portuguesas têm menos dívida em relação ao PIB, têm um esforço de ajustamento enorme nos últimos dez anos e os bancos têm um nível de capital à volta das 13,5%, o que é bastante positivo”, referiu, acrescentando que “os bancos portugueses, no seu conjunto, são bem geridos, estão sólidos e aprenderam com as lições da crise”.
Outro dos problemas é o nível de endividamento da economia portuguesa, referindo que a dívida passou de 265% para os 293% do Produto Interno Bruto (PIB). “Depois de todo o esforço que as famílias fizeram, a totalidade da dívida face ao PIB é 10% mais alta do que era há dez anos. A dívida pública dobrou, mas a dívida das empresas baixou de 110% para 100% e a das famílias de 87% para 67%”.
Questionado sobre o que pensa que deve ser feito para reduzir a dívida pública, o banqueiro explica que “as indicações do Banco Central Europeu (BCE) são de que os juros que subirão a um prazo de vários anos subirão mais tarde do que se pensava há seis meses, portanto, penso que temos a vantagem de continuar com juros à volta de zero na Europa, o que é muito positivo para economias com elevada dívida sobre o PIB, como é o caso português”.
“Estamos a ir na boa direção, mas é muito importante que continuemos nesta direção, a reduzir o peso da dívida. Porque quando os juros um dia aumentarem — e hão de aumentar dado que o objetivo do BCE é ter uma taxa de inflação à volta de 2% — os juros acompanharão essa taxa de inflação. Aí teremos menos peso do aumento dos juros sobre a economia portuguesa se continuarmos a baixar o peso da dívida sobre o PIB, que é muito alto”.
O terceiro e último problema identificado por Horta Osório é o “mais importante de resolver a prazo, num prazo de mais de dez anos, e é intergeracional e suprapartidário”: a demografia. “É um problema extraordinário comparado ao resto da Europa. As estimativas para a população portuguesa, de acordo com as Nações Unidas, dizem que daqui a 30 anos vamos voltar à população que tínhamos: cerca de nove milhões de pessoas, se nada for feito”.
(Notícia atualizada às 11h13 com mais informação)
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