Estas são as cinco novas exposições que se podem ver no MAAT. Uma está no terraço

  • ECO
  • 17 Maio 2019

O Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, em Lisboa, tem cinco novas propostas.

Um dinamarquês, um francês, dois portugueses em nome próprio e seis promessas abrem a temporada estival do MAAT, ao mesmo tempo que, do outro lado da ponte, na Cordoaria Nacional, decorre a ARCOlisboa.

O que se pode ver no MAAT?

Jesper Just: testando equilíbrios

O artista dinamarquês Jesper Just combina a arquitetura expositiva com as projeções de vídeo na galeria oval do MAAT, numa intervenção site-specific, que poderá ser vista até 2 de setembro.

O resultado obriga o visitante a ajustar-se a condições inesperadas, testando o seu próprio conhecimento do espaço e dos limites do corpo.

Pela primeira vez desde a inauguração do novo edifício, a galeria oval é trabalhada do ponto de vista arquitetónico. Jesper Just criou uma rampa, que pode servir para cadeiras de rodas, e tapou as escadas.

“O trabalho do Jesper é muito performativo. Convoca-nos para uma experiência”, diz a comissária Irene Campolmi. As suas palavras ganham sentido na quase-escuridão e na aparente precariedade do andaime que traça o caminho.

Colaboração com o Kunsthal Charlottenborg de Copenhaga, Servitudes – Circuits (Interpassivities) combina e reencena duas peças inter-relacionadas da produção recente do artista: Servitudes, um vídeo instalação de oito canais apresentado pela primeira vez em 2015 no Palais Tokyo, e Circuits (Interpassivities), uma peça multimédia aqui apresentada, pela primeira vez, num contexto de museu, depois da sua apresentação inicial na galeria do artista na Dinamarca.

Carla Filipe. Amanhã não há arte

Ainda no MAAT, e patente até 9 de setembro, a artista portuguesa Carla Filipe mostra as suas composições gráficas impressas em bandeiras de diferentes tamanhos, prosseguindo o seu trabalho em torno do arquivo e da memória.

Luís Silva, curador, explica que a artista tem colecionado memorabilia do pós-25 de abril de 1974 retirando deles mensagem. “Não há conteúdo político”, diz. O grafismo é usar para criar bandeiras e assim dizer que “todos podem levantar as suas bandeiras”, precisa. No caso dos artistas, refere, os direitos e condições de trabalho e licenças, por exemplo.

Amanhã não há arte título e (também) slogan. “Sugere que sem os artistas, se eles fizessem greve, estes objetos deixariam de existir”.

Prémio Novos Artistas Fundação EDP. Seis novos talentos

São seis os artistas candidatos ao prémio Novos Artistas Fundação EDP:

Isabel Madureira Andrade cria uma conversa com o visitante com o seu painel de 12 telas de cores e texturas distintas.
As fotografias de AnaMary Bilbao dialogam com a pintura de grandes dimensões de Dealmeida Esilva.
Mónica de Miranda usou a bolsa do prémio para investigar um mapa militar de Lisboa que deu origem a várias áreas suburbanas.
Diana Policarpo criou uma instalação de vídeo e som que resume a pesquisa em torno do trabalho de um grupo de mulheres do Nepal que apanham um valorizado fungo utilizado na base de um medicamento.
Henrique Pavão faz um triângulo de viagens — no espaço e no tempo. Atrás da pegada do artista Robert Smithson no México fotografou o hotel que o norte-americano viu degradado e em renovação contrapondo com a passagem do tempo na pirâmide de Yucatán.

As obras dos seis artistas foram escolhidas entre 500 candidaturas. Os projetos têm curadoria de Inês Grosso, Sara Antónia Matos e João Silvério. O vencedor será escolhido por um júri internacional, e anunciado no início de julho. A exposição pode ser vista até 9 de setembro.

O prémio mantém a sua intenção de apoiar e dar visibilidade a novos valores da arte contemporânea nacional, explicou Pedro Gadanho.

Instituído em 2000, distinguiu Joana Vasconcelos, Leonor Antunes, Vasco Araújo, Carlos Bunga, João Maria Gusmão e Pedro Paiva, João Leonardo, André Romão, Gabriel Abrantes, Priscila Fernandes, Ana Santos, Mariana Silva e Claire de Santa Coloma.

Pedro Tudela: Auditório sonoro

A partir de uma peça sonora acompanhada de uma escultura e duas instalações, Pedro Tudela (Viseu, 1962) criou para a sala das caldeiras da Central Tejo a exposição awdiˈtɔrju – transcrição fonética da palavra auditório — remetendo para uma estranheza que é o primeiro passo para entrar neste lugar. Uma coreografia desenhada a partir de um sino mudo pensado para este lugar e outras sete campânulas. Pode ser vista até 13 de outubro.

Xavier Veilhan no terraço

Na quinta fachada do edifício da arquiteta Amanda Levete — o terraço — estão agora Romy and the dogs, uma figura feminina e uma matilha de cães, cinco no total, uma instalação da autoria do artista francês Xavier Veilhan.

“Queríamos usar a perspetiva de quem vem do rio, sem pedestal nem barreiras”, disse junto da obra, enquanto atrás dele, os efeitos eram já visíveis: grupos de pessoas — miúdos e adultos — faziam fotografias sucessivas com estas personagens de gesso e alumínio brancas e lilases brilhantes.

Xavier Veilhan é o primeiro artista a intervir neste espaço do museu, embora fosse, para arquiteta que o pensou, uma possibilidade desde o início. “Sentimos que os turistas ainda não estavam suficientemente sensibilizados para a arte contemporânea e decidimos ir ter com eles”, disse Pedro Gadanho na apresentação. “Decidimos falar com eles frente a frente”. E podem vir a ficar permanentemente.

A inauguração das exposições coincide com a ARCOLisboa, assinalando a primeira vez em que o público deste evento acederá ao MAAT através da nova ponte pedonal que há um ano ainda não estava pronta. A feira de arte realiza-se até domingo na Cordoaria Nacional e ser membro do MAAT dá acesso gratuito ao espaço.

A antevisão, esta quarta-feira, juntou jornalistas portugueses e estrangeiros e também artistas, colecionadores e galeristas, que estão em Portugal para a feira de arte (filha da espanhola ARCO) e foi a última apresentação de Pedro Gadanho enquanto diretor do museu. “Como é a despedida quis que fosse em grande”.

Pedro Gadanho termina em junho o mandato, mas o MAAT ainda não anunciou o nome da pessoa que o substituirá. O arquiteto manter-se-á ligado ao museu como curador

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