BCE corta estimativas para 2020 e 2021. Já discute descida nos juros dos depósitos
"Incertezas prolongadas" estão "a deixar marca no sentimento económico", disse o presidente Mario Draghi, garantindo que a instituição "está determinada a atuar em caso de cenários adversos".
O Banco Central Europeu (BCE) está mais pessimista quanto ao crescimento da economia para 2020 e 2021, apesar de antecipar maior robustez este ano. Para 2019, o BCE reviu uma décima em alta a projeção para o PIB, que se situa agora em 1,2%, tal como a estimativa da OCDE.
Nos dois anos seguintes, o banco central vê a expansão em apenas 1,4%. Face às estimativas de março, representa um corte de 0,2 pontos no próximo ano e de 0,1 ponto no seguinte.
“A presença prolongada de incertezas, relacionadas com fatores geopolíticos, o aumento da ameaça de protecionistas e vulnerabilidades nos mercados emergentes, está a deixar marca no sentimento económico”, afirmou o presidente Mario Draghi. “Olhando para o futuro, o conselho de governadores está determinado a atuar em caso de cenários adversos e está pronto a ajustar todos os instrumentos”.
Corte nos juros e reabertura das compras de ativos em cima da mesa
A forma desse ajustamento está em aberto. Nesta reunião, o BCE mudou também o discurso sobre as taxas de juro da Zona Euro, que espera agora que continuem em mínimos históricos até, pelo menos, junho do próximo ano (face à anterior expetativa do final deste ano).
Draghi reconheceu que tanto a hipótese de uma descida do juro dos depósitos como o regresso à fase de compras líquidas de ativos (do programa que está agora em fase de reinvestimento) foram discutidas pelo Conselho de Governadores.
A taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento continua em 0%, enquanto as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de cedência de liquidez e à facilidade permanente de depósito permanecerão em 0,25% e -0,40%, respetivamente.
A mudança de discurso acontece após vários encontros em que o BCE alertou para o aumento dos riscos, incluindo devido à guerra comercial, e para o impacto da desaceleração económica na Zona Euro. Antes do encontro, os futuros do mercado monetário indicavam 75% de probabilidade de o BCE descer a taxa de referência em 10 pontos base no final deste ano e passou, após o anúncio, a sinalizam uma probabilidade de 45%.
Banca sobe com taxas variáveis do TLTRO III
A reação dos mercados foi automática, com os juros das dívidas soberanas e o euro a subirem. As bolsas inverteram o sentimento e o índice Euro Stoxx começou a cair 0,1%. Em sentido contrário, a banca segue em alta, especialmente em Itália, após Draghi ter anunciado os primeiros pormenores sobre a nova ronda de financiamento de baixo custo à banca da Zona Euro.
A terceira ronda de Targeted Longer-Term Refinancing Operations (TLTRO III ou ORPA em português) vai ter uma taxa dinâmica. “A taxa de juro de cada operação será fixada num nível situado 10 pontos base acima da média da taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento do Eurosistema ao longo do período de duração da ORPA direcionada correspondente”, começou por explicar sobre as operações.
Mas além do valor fixado em 10 pontos base, cada banco ainda terá uma avaliação própria. “Para as instituições de crédito cujo crédito líquido elegível exceda um determinado valor de referência, a taxa aplicada nas ORPA direcionadas III será inferior e poderá ser tão baixa como a média da taxa de juro da facilidade permanente de depósito prevalecente ao longo do período de duração da operação acrescida de 10 pontos base”, acrescentou.
Num documento publicado após a reunião, o BCE clarificou que as instituições financeiras recebem a redução máxima da taxa se excederem o stock de empréstimos elegíveis em 2,5%. A partir desse limite, o ajustamento será gradual e consoante o montante de ativos.
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(Notícia atualizada às 14h35)
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