Nunca houve tão poucos médicos em exclusivo no SNS
De acordo com Administração Central do Sistema de Saúde, apenas 30% dos médicos do SNS estão em dedicação exclusiva, figura laboral que foi mesmo eliminada em 2009.
Na semana em que o ministro das Finanças garantiu que nunca houve tantos médicos no Serviços Nacional de Saúde (SNS) como agora, o Expresso (acesso pago) dá conta que 70% destes especialistas não estão em dedicação exclusiva. No caso dos médicos hospitalares, essa presença intermitente é ainda mais acentuada e chega aos 80%.
Em causa está um regime que permite ao médico trabalhar em simultâneo no privado e trocar as extras nas Urgências das suas unidades por outras que pagam mais à tarefa, no SNS.
Assim, ainda que desde 2015 o número de contratações de especialistas tenha aumentado 10% ( 24%, no caso dos internos), nenhum desses novos contratos tem um vínculo pleno com o SNS. De acordo com os dados da Administração Central do Sistema de Saúde, apenas 30% do total de médicos do SNS em 2018 (5.587 de 18.835) estavam em exclusivo. Nos hospitais, essa fatia emagrece para 20% (2.504 de 12.448).
É importante notar, além disso, que mesmo que os médicos queiram trabalhar só para o Estado — o que teria vantagens para ambas as partes — não podem, porque a figura da dedicação exclusiva foi retirada da Saúde em 2009, porque era cara. “Gastava-se muito com os suplementos e com o pagamento das horas na Urgência, também mais valorizadas neste regime”, salienta Jorge Roque da Cunha, secretário-geral do Sindicato Independente dos Médico, em declarações ao semanário.
“Gastava-se muito, mas 70% dos médicos de família e 40% dos hospitalares estavam em dedicação. Quem entrou depois 2009 deixou de ter opção, incluindo diretores de serviço. Aberrante”, acrescenta o bastonário da Ordem dos Médicos. Miguel Guimarães lamenta ainda que esteja “um país inteiro” a trabalhar para Mário Centeno e aproveita para avisar que a “linha vermelha” já foi ultrapassada na Saúde, restando pouco tempo para reverter a situação do SNS.
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