Centenas de pessoas esperaram pelas 9 da manhã para serem das primeiras a entrar na primeira loja da Mercadona em Portugal. Cadeia espanhola deverá chegar a Lisboa em dois anos.
Ainda o dia não tinha arrancado oficialmente para os 85 trabalhadores da primeira loja da Mercadona em Portugal, no Canidelo, Vila Nova de Gaia, e já mais de uma centena de pessoas esperavam ansiosas pela abertura. À medida que a estrutura da porta automática ia revelando a entrada, Juan Roig, presidente da cadeia espanhola de distribuição e com mais de 1.600 lojas em toda a Espanha, sorria do outro lado do vidro.
O valenciano cumprimentou com um aperto de mão todos e cada um dos primeiros clientes: uns, vizinhos da loja, outros visitantes propositados, todos num misto de curiosidade e necessidade. “É uma loja diferente das outras: tem uma mostra de produtos mais saudáveis que estão agora a ser introduzidos no mercado e é mais uma mais-valia que as pessoas vão agora começar a conhecer”, diz Julieta Teixeira, 49 anos, que já conhecia a marca de Tenerife.
Alinhados e de camisa aos quadrados brancos e verdes — o verde é a cor base da marca — os empregados das caixas sorriem: afinal, há mais de três anos que a Mercadona começou a montar equipa em Portugal com foco nas primeiras aberturas. Hoje, os mais de 900 trabalhadores asseguram a operação que deverá chegar às dez lojas até final de 2019 e a mais dez no final de 2020. A empresa deverá contabilizar 1.100 trabalhadores até final do ano e, dentro de alguns anos, quer ter 150 lojas em território português.
“Sonhávamos em ser bem recebidos mas nunca se sabe o que vai acontecer. Trabalhámos muito nos últimos três anos para esta abertura”, disse o presidente da cadeia espanhola, que investiu 160 milhões de euros na internacionalização, dos quais 11,5 milhões na loja de estreia, no Canidelo.
António Freitas, 54 anos, de Pedroso, foi outro dos primeiros visitantes. Depois do pagamento, confessa que foi “enviado” pela mulher, fã do lápis de olhos verde “difícil de encontrar noutros locais”. “Já conheço de Espanha, mas há aqui alguns produtos que são mais caros do que lá. Eu vim mais pelo lápis verde. Para a próxima vez tenho de trazer a minha esposa, que gosta destas coisas”, refere ao ECO.
Cá fora, no parque de estacionamento com 240 lugares, empurram-se carrinhos de compras enquanto, na rotunda ao lado, uma carrinha de uma marca da concorrência se passeia, ida e volta, a chamar a atenção para as alternativas. “Máxima qualidade, melhor preço”, pode ler-se no cartaz colorido.
“Estamos muito satisfeitos pela forma como os ‘chefes’ portugueses [na Mercadona chamam “chefes” aos clientes] nos receberam. E esperamos estar em Lisboa dentro de dois anos“, anunciou o presidente da Mercadona, em declarações aos jornalistas no dia da inauguração.
Mais perto de Lisboa
Esta segunda-feira, na primeira visita técnica à loja do Canidelo, Juan Roig anunciou que a empresa está já à procura de um local na zona de Lisboa para começar a construir o segundo centro logístico da Mercadona em território nacional, que virá juntar-se ao que já existe na Póvoa de Varzim. Portugal foi o mercado escolhido pela Mercadona para iniciar a sua expansão internacional. Por cá, a cadeia de distribuição espanhola vai aplicar a mesma forma de expansão, “por mancha de azeite”.
O espaço da primeira loja foi pensado numa lógica de “compra cómoda”: corredores largos, carrinhos de compras sem moedas (mas com chip que os bloqueia assim que saem do espaço do parque de estacionamento), luz natural e reutilização de energia (o calor dos motores do aparelhos da loja são encaminhados para a zona dos pés dos clientes da zona dos refrigerados, para que sintam menos o frio) são alguns dos pormenores.
O projeto destas novas lojas foi pensado em parceria com o Instituto de Biomecânica de Valência, cidade-sede da empresa, e tem em conta, além das marcas de referência em cada categoria de produtos, os produtos próprios que já existem em Espanha, organizados em quatro marcas: Hacendado (alimentação), Bosque Verde (produtos de limpeza), Deliplus (cosmética e higiene) e Compy (animais).
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Curiosidade, produtos-estrela e um presunto ao ombro. Mercadona abriu portas aos “chefes” portugueses
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