Bastonário “estranha” megaoperação da PJ no SNS em dia de greve
O bastonário dos Médicos apela a que não se lance “uma mancha” sobre os profissionais, considerando uma “coincidência estranha” a divulgação da e uma megaoperação da PJ no dia das greves no setor.
O bastonário dos Médicos apela a que não se lance “uma mancha” sobre os profissionais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), considerando uma “coincidência estranha” a divulgação da operação da Polícia Judiciária (PJ) no dia em que arrancaram greves no setor da saúde.
“Nós não podemos confundir a árvore com a floresta. O nome das pessoas que todos os dias fazem na prática o SNS não pode ser manchado por uma pequeníssima minoria que possa eventualmente prevaricar”, afirmou Miguel Guimarães.
Contactado pela agência Lusa sobre a operação a fraudes no SNS em curso, o bastonário da Ordem dos Médicos admitiu que considera “estranho” esta investigação ter sido tornada pública esta terça-feira, dia de arranque de greve de médicos e enfermeiros. “Deve ter sido uma coincidência, estranha, mas se calhar feliz para alguém”, afirmou.
Miguel Guimarães expressou a sua “total solidariedade” para com “todos os médicos e enfermeiros em greve”, destacando o “esforço em manter o SNS de pé” e também pelas “condições em que trabalham”. “Estes profissionais de saúde todos os dias salvam vidas de pessoas. Não se pode lançar uma mancha num dia especial como este sobre os profissionais que fazem o SNS porque pode existir uma minoria de pessoas que possa ter prevaricado”, acrescentou à Lusa.
Miguel Guimarães destacou ainda a importância de o Estado ter “todos os meios e ferramentas adequadas” de combate à corrupção e à fraude, que permita investigações sérias. “O que gostava de ver nas capas dos jornais de amanhã era o elogio a todos os homens e mulheres que nos cuidam e tratam de nós todos os dias e que fazem o SNS, para os quais a tutela não tem tido atenção nem cuidado”, disse.
A PJ anunciou de manhã em comunicado que 11 pessoas, entre elas cinco médicos e um proprietário de uma farmácia, foram detidas pela no âmbito de uma mega operação em todo o território nacional. A polícia diz que a operação envolve buscas em consultórios médicos e estabelecimentos de saúde, buscas domiciliárias e não domiciliárias e o cumprimento de mandados de detenção relacionadas com “factos suscetíveis de enquadrar, em abstrato, os crimes de corrupção, burla qualificada, falsificação de documento e associação criminosa”. O valor do prejuízo causado ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), segundo a PJ, está estimado em cerca de um milhão de euros.
Os médicos começaram esta terça-feira uma greve nacional de dois dias, enquanto os enfermeiros iniciaram uma paralisação que dura até ao final do dia de sexta-feira. Cada uma das classes profissionais tem reivindicações específicas, mas tanto médicos como enfermeiros argumentam que lutam pela dignidade da profissão e por um melhor SNS.
Os médicos querem que todos os portugueses tenham médico de família, lutam pela redução das listas de utentes dos médicos e por mais tempo de consultas, querem a diminuição do serviço em urgência das 18 para as 12 horas, entre várias outras reivindicações, que passam também por reclamar que possam optar pela dedicação exclusiva ao serviço público.
Quanto aos enfermeiros, o sindicato que convocou a paralisação reclama o descongelamento das progressões de todos os enfermeiros e que sejam definidos os 35 anos de serviço e 57 de idade para o acesso à aposentação destes profissionais.
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