Juros do BCE deixam BPI em posição “muito difícil” para aumentar resultados

Pablo Forero diz que banco teve "muito mérito" ao ter conseguido subir a margem financeira. Mas para futuro antecipa "más notícias" em manter crescimento por causa dos juros negativos do BCE.

A margem financeira do BPI aumentou no semestre passado. “Há muito mérito do banco” tendo em conta a situação de mercado “muito difícil”, declarou Pablo Forero. “Para futuro, será muito difícil continuar a alimentar a margem financeira perante os juros negativos” do Banco Central Europeu (BCE), frisou ainda o responsável espanhol. “Estou a prever más notícias neste aspeto”, acrescentou mais tarde.

O BPI apresentou lucros de 134,5 milhões de euros no primeiro semestre do ano, uma quebra de mais de 60% face ao mesmo período do ano passado, isto porque não contou desta vez com fatores extraordinários, com a venda de participações financeiras.

Por outro lado, a margem financeira — a diferença entre os juros recebidos nos créditos e os juros pagos nos depósitos — na atividade em Portugal cresceu 3,7% dos 207,2 milhões para 214,8 milhões.

"Achávamos que ia ser um breve período extraordinário de juros negativos. Mas tudo indica que isso se pode converter num longo período de taxas de juro negativas por sete ou oito anos. Não é boa notícia para a margem financeira dos bancos.”

Pablo Forero

CEO do BPI

Pablo Forero vê “mérito” no banco por ter conseguido aumentar a margem financeira. Mas a tarefa vai complicar-se agora, tendo em conta que o banco central se prepara para deixar os juros em mínimos históricos durante mais tempo do que o previsto.

“Achávamos que ia ser um breve período extraordinário de juros negativos. Mas tudo indica que isso se pode converter num longo período de taxas de juro negativas por sete ou oito anos. Não é boa notícia para a margem financeira dos bancos, portugueses e europeus“, disse durante a apresentação de resultados semestrais.

Mais tarde, questionado sobre quais as alternativas que o banco tem em mente para fazer face a esta situação. “Só temos duas ferramentas: ou aumentar receitas ou reduzir custos. Ainda não temos planos sobre como ter mais receitas ou poupanças nos custos. Isto [de o BCE reduzir juros] aconteceu durante o mês de julho e estas coisas tem de ser bastante pensadas”, explicou.

Sobre o desempenho do banco na primeira metade do ano, Pablo Forero salientou o bom resultado comercial. “Continuamos a ganhar quota de mercado, continuamos a ganhar novos clientes, novos clientes digitais, novas empresas”, referiu.

O líder do banco dos catalães do CaixaBank salientou ainda o rácio de malparado do BPI, que fechou em junho nos 3,3%. “Temos o melhor rácio de malparado em Portugal. E, se não é o melhor, é o segundo melhor da Península Ibérica”, acrescentou.

(Notícia atualizada às 12h20)

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