Governo vai exigir à ANA que Aeroporto no Montijo seja abastecido por oleoduto
Projeto do Montijo não prevê oleoduto para abastecer infraestrutura. Mas Governo diz ao ECO que "exigirá que novo aeroporto do Montijo" tenha um. Projeto também não garante uso de energias renováveis.
O Governo vai exigir à ANA que inclua a construção de um oleoduto no projeto para o aeroporto do Montijo, revelou Alberto Souto de Miranda, secretário de Estado Adjunto e das Comunicações ao ECO. Em causa está o facto de o projeto apresentado pela ANA não contemplar a construção de uma infraestrutura que garanta o abastecimento direto e a autonomia do novo aeroporto. “O Governo pode desde já informar que já sinalizou essa necessidade e que exigirá que o novo aeroporto do Montijo seja abastecido por oleoduto”, afirmou o governante quando questionado sobre o projeto que se encontra em consulta pública.
A greve dos motoristas de matérias perigosas de abril último deu a conhecer não só o peso destes profissionais no dia-a-dia do país, como revelou um dos pontos fracos da economia portuguesa: os aeroportos de Lisboa e Faro ficaram ‘secos’ em menos de 24 horas. Perante este cenário, e volvidos dois meses, petrolíferas, Governo e ANA acabaram por decidir avançar com a construção de um oleoduto para abastecer diretamente a Portela.
Este ponto fraco nos aeroportos levou o ECO a procurar pelo projeto de oleoduto para o Montijo nos documentos em consulta pública sobre o eventual novo aeroporto, sem sucesso. Antes o oposto: “O abastecimento será realizado através de camião cisterna (em princípio de 30 m3 ), prevê-se que acedam ao Aeroporto cerca de 20 camiões por dia. Para se proceder à receção dos camiões, prevê-se a instalação de três ilhas de descarga”, diz o Estudo de Impacto Ambiental no seu Volume II, dedicado a capítulos introdutórios e à descrição do projeto.
“Numa fase posterior, prevê-se a possibilidade de o abastecimento ser também realizado através de pipeline“, lê-se ainda, mas nada mais acrescenta. Ou seja, o projeto desenhado pela ANA não prevê um oleoduto de raiz e tampouco se ‘atravessa’ por uma data para construir o mesmo. Assim, e à falta desta infraestrutura, perguntou-se à entidade licenciadora do Montijo — o Ministério das Infraestruturas e Habitação — porquê.
“No que respeita ao abastecimento por ‘pipeline’, o Governo pode desde já informar que já sinalizou essa necessidade e que exigirá que o novo aeroporto do Montijo seja abastecido por oleoduto”, respondeu o Secretário de Estado Adjunto de Pedro Nuno Santos,
Aeroporto: “em análise” central solar de 1.200 MWh
Na resposta ao ECO, e depois de recordar “que o projeto do aeroporto do Montijo é da responsabilidade da ANA, SA. e que a Agência Portuguesa do Ambiente, na sequência dos contributos recebidos na consulta pública, ainda terá de se pronunciar e eventualmente exigir medidas mitigadoras do impacto ambiental”, o Executivo salienta que “verá com bons olhos todas as componentes do projeto que contribuam para a sustentabilidade ambiental do mesmo” e que reserva para “o momento oportuno” mais declarações “sobre os méritos do projeto nesse particular aspeto”.
O novo aeroporto não prevê, por agora, qualquer instalação de raiz que permita a transformação de energia renovável. A hipótese é referida mas, e ao contrário de outros aeroportos que têm sido edificados ou renovados nos últimos anos a nível internacional, não são dadas garantias que haverá um projeto de energia renovável que minimize o impacto desta infraestrutura no ambiente. Neste campo a única certeza é que o Montijo terá “dois ramais de ligação à Rede Pública de Energia”.
“Os consumos totais de energia elétrica previstos serão de cerca de 10.800 quilowatts [10,8 megawatts] em 2022 e de 14.000 quilowatts [14 Mw] em 2062. O Terminal de Passageiros será responsável pelo consumo de aproximadamente 50% dos valores anteriormente indicados”, detalha o resumo não técnico do projeto. Apesar de assumir como objetivo desenvolver o terminal “de modo a obter um edifício mais sustentável ao nível dos consumos energéticos”, a ANA não dá como certo que avance com um projeto de renováveis. Mas pode vir a fazê-lo, assumindo que se irá “considerar a instalação de painéis solares/fotovoltaicos”.
Além de prever a aplicação de várias medidas que visam reduzir os consumos energéticos e emissões com efeito estuda, “está também a ser avaliada a possibilidade de instalação de uma central de produção de energia elétrica a partir de painéis solares, que permitirá uma produção anual de energia na ordem dos 1.200 MWh” por ano, lê-se no documento.
Serão igualmente considerados “sistemas de iluminação mais eficientes e controlados por sensores, equipamentos de climatização mais eficientes”.
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