Balcões, crédito e depósitos. Como o Novo Banco mudou em cinco anos
Em cinco anos de vida,muito mudou no Novo Banco. Continua a apresentar prejuízos, à custa do malparado, mas tem feito progressos em algumas áreas. Plano de reestruturação está a acelerar.
Cinco anos após o seu nascimento em resultado da queda do Banco Espírito Santo (BES), o Novo Banco continua a lutar para se reerguer. Os resultados globais vistos à distância não apontam muito em favor do banco agora liderado por António Ramalho. Em 2018, registou prejuízos recorde superiores a mil milhões de euros, obrigando o Fundo de Resolução a injetar mais dinheiro, o que suscitou a insatisfação de muitos.. A primeira metade deste ano voltou a não trazer boas notícias, com o banco a reportar prejuízos de 400 milhões de euros, quase o dobro do ano passado. Mas tal não invalida que o banco tenha feito progressos na missão de renascer das cinzas.
Após três anos em que praticamente foi um banco moribundo, em outubro de 2017 o Novo Banco foi vendido ao fundo norte-americano Lone Star. Um negócio que gerou muitas críticas, mas que representou um virar de página e o arranque de um processo de reestruturação do banco acordado com Bruxelas. Entre as principais medidas previstas nesse compromisso incluía-se o corte no número de trabalhadores e de balcões.
Nestes dois campos, o saldo é positivo. O banco já conseguiu cumprir com as metas estabelecidas tanto no que respeita ao corte do número de trabalhadores como de balcões.
Ao nível da relação entre depósitos e créditos, por exemplo, também houve progressos, com o Novo Banco a apresentar atualmente uma relação equilibrada entre os recursos de clientes e o credito concedido. Se em agosto de 2014 os depósitos representavam menos de dois terços dos créditos, agora já superam esse valor.
Em paralelo a instituição financeira tem levado a cabo um processo de transformação digital, adaptando-se à nova realidade da banca. Nesse campo, destaque para a evolução ao nível das aplicações de “mobile banking” e as novas soluções de pagamentos.
A NB smart app, no “mobile banking”; o NB Micro Cartão Contactless, que permite fazer pagamentos bastando estar colado no telemóvel ou em qualquer outro objeto; ou a solução de Orçamento Familiar, um serviço disponibilizado no NBnet que agregando informação de diferentes meios de pagamento e bases de informação permite categorizar automaticamente despesas e receitas e fornecer aos clientes informação que lhes permite ter uma visão mais concreta dos seus padrões de consumo e gerir melhor as suas finanças no dia-a-dia; são alguns dos destaques nesse caminho de crescente digitalização do banco.
Fique a conhecer abaixo com mais detalhe alguns dos principais números que marcam a evolução da atividade do banco ao longo dos últimos cinco anos.
Crédito cai quase para metade. Venda de malparado passa fatura
Cinco anos depois, o Novo Banco viu a sua carteira de crédito encolher quase para metade. No final de 2018, o banco liderado por António Ramalho tinha em stock 23.077 milhões de euros de crédito, cerca de 45% abaixo do valor que apresentava em agosto de 2014.
Essa redução acontece num contexto em que o Novo Banco está apostado em “limpar” o crédito malparado. No ano passado, o banco concretizou a venda de uma carteira de crédito malparado avaliada em 1.750 milhões de euro. Em causa esteve o projeto “nata” que foi vendido ao fundo KKR, e que corresponde à maior carteira de malparado de sempre a ser alienada em Portugal. Após a concretização desse negócio, o Novo Banco conseguiu reduzir o seu nível de malparado para menos de 7.000 milhões de euros.
Mas há mais operações deste género a ser levadas a cabo pelo banco que resultou da resolução do BES.
Recompra de dívida ajuda a crescer base de depósitos
Os depósitos são dos poucos indicadores que registam uma evolução positiva desde o nascimento do Novo Banco: em cinco anos cresceram 15,2%. O dinheiro depositado pelos clientes nos cofres do banco passaram dos 24.617 milhões de euros para 28.350 milhões de euros no final de 2018.
Grande parte da justificação para esse crescimento estará na operação de recompra de dívida levada a cabo pelo Novo Banco em outubro de 2017 e a respetiva conversão em depósitos. Essa operação representou uma adição de cerca de 1.600 milhões de euros à carteira de depósitos do banco liderado por António Ramalho.
Menos três mil trabalhadores rumo ao objetivo de Bruxelas
A redução do número de trabalhadores foi a estratégia mais evidente no conjunto de medidas levadas a cabo pelo Novo Banco com vista a reduzir os seus custos. Dos quase oito mil trabalhadores que tinha em 2014, o banco chegou ao fim de 2018 com pouco mais de cinco mil. São menos 2.791 colaboradores, o que representa um corte de 35% face à herança do BES.
Só em 2018, saíram 450 trabalhadores, com a instituição financeira a fechar o ano com 5.093 funcionários. Em jeito de balanço, António Ramalho dizia em janeiro deste ano que o banco estava “naquilo que eram os objetivos de 2021 negociados com a Comissão Europeia”.
Menos 40% de balcões. Meta dos 400 quase cumprida
Em termos proporcionais, no âmbito do programa de reestruturação levado a cabo pelo Novo Banco o corte foi ainda mais acentuado no que respeita ao número de balcões. Em cinco anos, o número de agências do banco com porta aberta caiu 40%. Em linha com a estratégia da banca a nível nacional e mundial, o Novo Banco fechou um total de 272 balcões desde o seu nascimento no verão de 2014 e o final do ano passado.
Enquanto em agosto de 2014 a instituição financeira tinha 674 balcões a funcionar, no final de 2018 o número já era de 402. Este número está em linha com as metas de Bruxelas. A Comissão Europeia determinou que o Novo Banco deveria reduzir a sua rede de balcões a um limite de 400.
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