Esta greve pode ajudar o PS a ter maioria absoluta, diz Marques Mendes
Marques Mendes defende que o Governo está a gerir a crise dos motoristas com grande profissionalismo e que os sindicatos cometeram alguns erros de palmatória.
“O Governo transformou um problema em oportunidade ao mostrar força e autoridade”, disse Marques Mendes no seu cometário semanal na SIC. O analista lembra que os portugueses, desta vez, não estão do lado dos motoristas, e esta greve poderá a maioria absoluta ao PS, tal como a crise dos professores deu a vitória aos socialistas nas eleições europeias.
Marques Mendes defende que os sindicatos de motoristas cometeram “três erros de palmatória”. A greve é “altamente impopular” e se a da Páscoa “apanhou o Governo desprevenido” e nessa altura estavam em causa aumentos salariais imediatos, agora, o que está em cima da mesa, “são aumentos salariais em 2021 e 2022, quando as parte se comprometeram em negociar até ao final do ano”, explicou o advogado.
Perante a “falta de inteligência negocial”, os motoristas arriscam-se a sair desta greve de mãos a abanar, avisa. Marques Mendes lamenta que tenham deixado escapar duas excelentes oportunidades “para desconvocar a greve, sair por cima e voltar a usar este trunfo mais tarde”. A primeira foi na segunda-feira quando o Governo se oferecer para mediar as negociações do contrato coletivo de trabalho. “Não foi aproveitada revelando teimosia”, disse Marques Mendes. E depois quando foram decretados os serviços mínimos, “que são mais máximos que mínimos”, diz o comentador. “Poderiam ter aproveitado para dizer que o Governo esvaziou a greve e por isso desconvocavam-na”, acrescenta.
“O Governo ao oferecer-se para mediar o conflito e revelou abertura”, “teve a cobertura da Justiça”, com o Conselho Consultivo da Procuradoria Geral da República a dizer que os serviços mínimos eram adequados e os tribunais a rejeitarem os recursos dos sindicatos, “desta vez como estava preparado e foi profissional a vários planos”, “dramatizou a situação quanto baste, acicatando os ânimos da opinião publica contra os camionistas que caíram completamente na esparrela”.
Além disso, PSD e CDS não podem fazer nada, porque se estivessem na posição de António Costa fariam exatamente o mesmo, reconhece a antigo líder dos social-democratas. Marques Mendes recordou mesmo que, em 2014, com a greve dos pilotos da TAP, o “Governo de Pedro Passos Coelho agiu com firmeza e autoridade e usou a requisição civil que será o que acabará por acontecer neste caso”. O comentador revelou ainda que António Costa deu indicação aos seus ministros para estarem alerta a partir das seis da manhã de segunda-feira para eventualmente validar a requisição civil através de um conselho de ministro eletrónico.
“Esta é uma luta de David contra Golias”, diz Marques Mendes. “O sindicato muito amador e o Governo muito profissional“, defende, elegendo mesmo Pardal Henriques, o porta-voz do Sindicato dos Motoristas de Matérias Perigosas como o pior da semana, não só pela forma está a conduzir o processo, mas por ter deixado no ar um eventual segundo interesse por ser candidato ao partido de Marinho e Pinto.
O primeiro-ministro foi acusado de “exagero no teatro e encenação”, por Rui Rio, mas António Costa “já o tinha feito na crise dos professores”, recorda Marques Mendes. “Aproveitou a oportunidade e saiu-se bem”, diz.
“Esta greve pode ajudar o PS a ter maioria absoluta nas eleições” legislativas, conclui Marques Mendes, citando uma artigo de Vasco Pulido Vante do Público (acesso condicionado) que dizia que “António Costa já era visto pelas contas certas e agora é visto também como o Governo das ordem e da autoridade” e “para ter maioria absoluta tem de haver uma atmosfera de tensão e esta greve veio mesmo a calhar”, remata o comentador.
(Notícia atualizada)
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