O segredo do sucesso? Resiliência
A resiliência constitui a capacidade de um sistema de lidar com obstáculos e mudanças no seu ambiente e ainda assim continuar a funcionar e a crescer.
Portugal tem vivido nos últimos anos uma autêntica revolução no que diz respeito ao seu tecido empresarial, com o surgimento do que parece ser um número infinito de startups de cariz tecnológico. Dizem que as “startups estão na moda”. No entanto, esta moda, mais do que passageira, já tem um impacto muito significativo e que, em Portugal, em 2018, já representava um 1,1% do PIB nacional.
Nós na Web Summit e, eu em particular devido às minhas funções enquanto líder da equipa de startups, temos tido o privilégio de testemunhar esta revolução por dentro e até, em certa medida, contribuir para ela. É com base nessa experiência e, após entrevistar milhares de empreendedores, que tenho identificado uma característica comum ao sucesso: a resiliência.
A resiliência constitui a capacidade de um sistema de lidar com obstáculos e mudanças no seu ambiente e ainda assim continuar a funcionar e a crescer. Isto é particularmente visível no processo de desenvolvimento de uma startup, desde a génese da ideia até ao consumar da empresa como um negócio viável e próspero – quem já o fez diz que é das coisas mais difíceis que fez na vida. Pessoalmente, quando penso em resiliência neste contexto, encaro-a por dois prismas principais: o empresarial e o pessoal.
Da perspetiva da empresa, é fundamental que as startups sejam criadas e desenvolvidas de forma a adaptarem-se aos diferentes desafios que vão aparecendo ao longo do caminho. Não há soluções que sirvam a todas porque cada caso é único, mas há princípios que podem ser considerados transversais – um deles é a velha máxima de que o cliente tem sempre razão. Há uma linha ténue entre resiliência positiva e resiliência negativa — não raras são as vezes que vemos fundadores de startups cujas soluções estão a ser rejeitadas por consumidores e/ou investidores mas que, por apego, não conseguem largá-las – resiliência negativa. Em casos de resiliência positiva, temos empreendedores que são confiantes e testam a sabedoria corrente, mas que também são humildes e aceitam as métricas. É preciso muita coragem para saber aceitar opiniões diferentes e mudar de ideias com base em factos que contrariam a nossa tese inicial.
Como exemplo, das 2.000 startups que participam anualmente no Web Summit, aquelas que mais sucesso atingem na semana do evento são as que não desistem de tentar e que vão aprendendo com os erros. Das 120 participantes no nosso programa Growth, o mais avançado na Web Summit, mais de 50% das startups que são convidadas já passaram pelos programas menos avançados anteriormente.
Olhando para a resiliência pessoal, num mundo que não para e que pede a nossa presença física e mental quase de forma constante, para ser resiliente é muito importante o empreendedor saber ouvir o seu próprio corpo e conseguir fazer pausas para cuidar de si e da sua saúde mental – não há negócio que sobreviva a uma equipa mal preparada física e mentalmente para enfrentar as tempestades que naturalmente surgem na vida de qualquer negócio ou pessoa.
*Ricardo Lima é head of startups no Web Summit
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