Rio vs. Cristas: Das “alfinetadas” do CDS ao concurso de quem mais baixa impostos
Rui Rio convidou Assunção Cristas para formarem governo de coligação em caso de maioria no Parlamento. Apesar das críticas da líder do CDS, há convergência com PSD nos impostos e na oposição ao PS.
Mal-me-quer, bem-me-quer… quem viu o debate entre Rui Rio e Assunção Cristas, na SIC, ficou com a ideia de que os líderes do PSD e CDS até podem ter estilos muitos diferentes, mas ambos estão “condenados” a conviveram de perto um com o outro.
Rui Rio disse que não guardava ressentimentos das “alfinetadas” de Assunção Cristas nos últimos meses, tendo inclusivamente deixado o convite à líder centrista para se coligarem num Governo no caso de os dois partidos alcançarem uma maioria no Parlamento. “É a nossa história”, disse o presidente do PSD. Já Assunção Cristas, que foi ministra de um Governo de coligação à direita com Passos Coelho, não perdeu a oportunidade para voltar a atacar Rio. “O CDS é o único partido com representação parlamentar que diz de forma cristalina que não dará apoio a um governo de António Costa”, disse. Mas a líder do CDS também vê pontos de convergência com o PSD, nomeadamente na redução impostos, na manutenção das 35 horas na Função Pública e na oposição ao PS e às esquerdas.
1. CDS contra PSD
Assunção Cristas
“O CDS fez o seu melhor para fazer oposição às esquerdas, que fez mal ao país.”
“Mal de nós se o CDS não se quisesse posicionar como os melhores possíveis.”
“O CDS é o único partido com representação parlamentar que diz de forma cristalina que não dará apoio a um governo de António Costa. Não daremos a mão ao governo socialista.”
Rui Rio
“Alfinetadas? O CDS optou por fazer oposição que quis fazer. Eu optei pela minha maneira: não havendo eleições, a minha oposição deve ser colaborar”
“Não havendo eleições, não é minha postura estar permanente contra, mas antes de colaborar. Em 2019, é para mostrar as diferenças e não para trabalhar em conjunto, porque há eleições.”
“Hard feelings do CDS? Não.”
2. Coligação de direita
Rui Rio
“A situação normal é os partidos irem separados. Juntos fomos em situações excecionais. Assim marcamos a nossa identidade. Se juntos tivermos a maioria, é a minha opinião, tomaremos a decisão de ter a solução que sempre tivemos ao longo da história.”
Assunção Cristas
“CDS tem um passado construído com o PSD, em momentos dolorosos para o país. Honro-me de ter feito parte de um governo liderado por Passos Coelho e Portas que retirou o país da crise.”
3. Impostos
Rui Rio
“O crescimento económico traz uma folga. Vai trazer 15 mil milhões de euros de folga. 25% dessa margem é para baixar impostos, 25% para aumentar o investimento e 50% é para despesa do Estado.”
“Com este Governo temos a maior carga fiscal de sempre em Portugal. O governo baixou um ou outro imposto e aumentou os impostos indiretos numa dimensão maior.”
“Temos mais impostos, mais carga fiscal e serviços piores.”
Assunção Cristas
“Se não é agora que se baixa os impostos, quando é que é?”
“Poderíamos ter baixado efetivamente a carga fiscal e ela neste momento é a maior de sempre. Há uma austeridade encapotada na maior carga fiscal de sempre que certamente não existiria se tivesse continuado o governo que vinha da PaF.”
“O problema de Portugal é que estamos sempre a cortar os sonhos às pessoas, sempre a arrecadar o produto do seu trabalho.”
“É um bom exemplo para se ver como CDS e PSD convergem. Mas há diferenças na dimensão. O CDS é mais ambicioso deste ponto de vista. 60% da margem para baixar impostos já e 40% para abater a dívida.”
“A prioridade de número 1 é baixar impostos e de uma forma mais intensa que o PSD.”
Devolução dos rendimentos
Assunção Cristas
“Havia um programa e um objetivo [de devolver rendimentos] que poderia ser acelerado. Poderíamos ter baixado a carga fiscal, que é a maior de sempre.”
“Aquilo que entendemos é que estes quatro anos foram anos de oportunidade perdida, a melhor conjuntura internacional de sempre que foi perdida para darmos o tal impulso que foi perdido.”
Rui Rio
“Concordo com o programa da coligação para devolver 25%, 25%, 25%, 25%, e concordo também que tendo a economia internacional crescido mais podia ter devolvido mais depressa, mas com toda a clareza, também não daria tudo, como este governo deu, logo no momento inicial, devolveu de uma vez só por imposição do BE e do PCP. Depois tirou pela parte fiscal.”
“Reconheço que poderia ser antecipado, porque o PS esteve uma conjuntura económica altamente favorável.”
35 horas na Função Pública
Rui Rio
“Não sei se [reverter as 35 horas na Função Pública] me custava votos. Os funcionários públicos são muito menos do que aqueles que trabalham no setor privado.”
“O Governo fez mal em passar para as 35 horas porque degradou os serviços públicos.
“Um dos males do país é ter um novo governo e fazer diferente. Deve haver estabilidade. Se for possível melhorar os serviços, com o orçamento equilibrado, vamos tentar governar não mexendo no horário da Função Pública.”
Assunção Cristas
“Partilho da estupefação do país quando há dois regimes: o país do setor público que trabalha 35 horas e do privado que trabalha 40 horas.”
“Passagem às 35 horas teve efeito dramático nos serviços públicos, sobretudo na saúde.”
“Não tenho qualquer dúvida que se passarmos para as 40 horas até pode ser possível, mas para fazer isto, para acompanhar a doutrina do Tribunal Constitucional, é preciso aumentar os funcionários públicos. Entre aumentar a despesa pública ou baixar impostos, a prioridade do CDS é baixar os impostos.”
“Prefiro baixar impostos a reverter as 35 horas.”
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