Fitch prevê recuo do crescimento mundial devido à guerra comercial e ao Brexit

  • Lusa e ECO
  • 10 Setembro 2019

"A principal causa para a deterioração das perspetivas nos próximos 12 a 18 meses é a política comercial”, aponta a Fitch.

A Fitch acredita que o impacto da guerra comercial entre a China e os EUA e os riscos de um ‘Brexit’ sem acordo levarão a uma revisão em baixa do crescimento a nível mundial, incluindo na zona euro.

Em comunicado, a agência de ‘rating’ referiu que “levou a cabo revisões em baixa significativas ao crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] da China e da zona euro para os próximos 18 meses”. Assim, a organização prevê que a economia chinesa cresça 6,1% este ano e 5,7% em 2020, face às previsões da agência em junho, que apontavam para 6,2% e 6% respetivamente.

Na mesma nota, a Fitch revela que, no caso da zona euro, a estimativas são agora de um aumento de 1,1% em 2019 e 2020, mas em junho a Fitch apontava para 1,2% este ano e 1,3% em 2020.

Os Estados Unidos não escapam a este cenário de desaceleração, com as previsões a apontarem para uma evolução do PIB de 2,3% este ano e 1,7% em 2020, em comparação com a estimativa anterior, de 2,4% e 1,8% respetivamente. A Fitch avisa ainda que a zona euro pode ainda crescer menos no caso de um ‘brexit’ sem acordo, “um risco que cresceu ainda mais no verão”, segundo o comunicado.

“Enquanto que a desaceleração mundial dos últimos 12 meses se deveu a várias causas – incluindo condições de crédito na China, o aperto na liquidez global do dólar em 2018 e mudanças significativas em alguns grandes mercados emergentes – a principal causa para a deterioração das perspetivas nos próximos 12 a 18 meses é a política comercial”, lê-se na nota da Fitch.

A agência recordou que os EUA intensificaram as tarifas sobre as exportações chinesas durante o verão, de 25% para 30% em bens avaliados em 250 mil milhões de dólares (226,4 mil milhões de euros à cotação atual) e criaram uma nova taxa de 15% nos restantes 300 mil milhões de dólares (271,7 mil milhões de euros), sendo que estas mudanças entrarão em vigor entre outubro e o final do ano.

A Fitch acredita que o “choque” destas medidas irá reduzir o crescimento chinês em 2020 em 0,3 pontos percentuais, face ao estimado em junho. O arrefecimento da economia chinesa, de acordo com a agência de ‘rating’ tem sido “um fator importante” no crescimento “desapontante” da zona euro.

“A evolução da zona euro foi mais fraca do que o esperado no segundo trimestre de 2019 e dados mais recentes continuam a surpreender pela negativa, particularmente na Alemanha, onde a economia se contraiu” no mesmo período, segundo a Fitch.

Um ‘Brexit’ sem acordo pode conduzir a uma “recessão significativa no Reino Unido” em 2020, sendo que um dos cenários aponta que, se o PIB britânico cair 1,4%, a zona euro pode recuar 0,4 pontos percentuais”, destacou a Fitch. A agência salientou que ao EUA têm-se mostrado mais resistentes a estes problemas, mas o setor industrial arrefeceu “significativamente” e as empresas estão mais cautelosas nos investimentos, face às incertezas das políticas comerciais.

Brexit continua rodeado de incertezas, diz Moody’s

A agência Moody’s pronunciou-se também sobre a influência do Brexit no crescimento global nesta terça-feira, no seguimento da aprovação de uma lei que obriga o primeiro-ministro britânico a pedir um adiamento caso não seja alcançado um acordo de saída até 19 de outubro.

“Com a lei de “atraso do Brexit”, as probabilidades de o Reino Unido deixar a União Europeia sem acordo no final de outubro diminuíram. No entanto, o projeto não resolve fundamentalmente as principais incertezas em torno do Brexit e, em particular, qual será o resultado final”, aponta A principal analista da Moody’s para o Reino Unido, Sarah Carlson.

“Também não está claro que uma nova eleição conseguirá resolver o Brexit”, continua a analista, referindo-se à tentativa de Boris Johnson de avançar para eleições antecipadas. “Enquanto isso, a crescente incerteza continua a pesar sobre o crescimento, os gastos e as contratações no Reino Unido, tendo impactos negativos sobre o crédito”, concluiu.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Fitch prevê recuo do crescimento mundial devido à guerra comercial e ao Brexit

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião