Portugal nunca se financiou a taxas tão baixas. Paga 0,264% a 10 anos

Tesouro continua a beneficiar de condições excecionais no mercado de dívida. Conseguiu financiar-se em 1.000 milhões de euros através da emissão de dívida a dez e 15 anos com juros mínimos.

Portugal continua a beneficiar de condições excecionais no mercado de dívida, à boleia da política monetária do Banco Central Europeu (BCE). O Tesouro português conseguiu financiar-se esta quarta-feira em 1.000 milhões de euros através da emissão de títulos de dívida a dez e 15 anos, pelos quais pagou os juros mais baixos de sempre.

Na emissão de obrigações do Tesouro a dez anos, o IGCP colocou 600 milhões de euros, com os investidores a exigirem uma taxa de juro de 0,264%, quase metade do que havia pago no anterior leilão comparável (0,51%), realizado em julho.

Já na linha a 15 anos, foi obtido um financiamento de 400 milhões de euros a uma taxa de juro de 0,676%, que compara muito favoravelmente com a taxa de 1,052% paga em junho.

Em ambas os casos, a procura do mercado pela dívida portuguesa mais do que duplicou face à oferta, o que também ajuda a explicar o sucesso da operação levada a cabo pela equipa de Cristina Casalinho, a presidente do IGCP. Portugal obteve 1.000 milhões de euros, o limite mínimo a que se propunha inicialmente.

Já se esperava uma baixa nos custos de financiamento, tendo em conta o comportamento dos juros da dívida em mercado secundário. Por exemplo, a taxa associada à dívida a dez anos esteve a “namorar” os 0% durante o mês de agosto, estando esta quarta-feira a negociar nos 0,27%.

Custo das emissões a 10 anos em queda

Fonte: IGCP

Esta ida ao mercado primário acontece em vésperas de dois acontecimentos importantes no que diz respeito aos mercados financeiros. Esta quinta-feira o BCE volta a reunir-se para decidir o rumo da política monetária e os analistas esperam que Draghi anuncie mais estímulos com um corte nos juros e um novo mecanismo de vários escalões para os depósitos nos bancos — um novo programa de compra de ativos fica para mais tarde. Depois, na sexta-feira, a agência Standard & Poor’s atualiza o rating da dívida Portugal.

“O abrandamento económico mundial, em especial da Alemanha, tem levado muitos analistas a darem nota que poderemos vir a entrar em recessão, o que tem levado os bancos centrais a terem posturas mais acomodatícias. Espera-se que o BCE amanhã baixe as taxas de juro e anuncie um novo pacote de estímulos, para ver se conseguem levar a inflação de volta aos 2%”, explica Filipe Silva, diretor de gestão de ativos do Banco Carregosa.

“Portugal é que continua a beneficiar com as taxas de juro baixas e vai renovando a sua dívida com yields cada vez mais baixas, o que tem permitido baixar o custo médio da mesma”, acrescentou o responsável.

O custo médio da dívida emitida entre janeiro e julho de 2019 atingiu um novo mínimo histórico nos 1,3%, segundo o IGCP.

(Notícia atualizada às 11h09)

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